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Justiça alemã investiga possível espionagem turca contra movimento de Gülen

28/03/2017 14h52

Berlim, 28 mar (EFE).- A Procuradoria Federal da Alemanha abriu nesta terça-feira investigações prévias em torno das denúncias sobre supostas atividades de espionagem do serviço secreto turco na Alemanha contra seguidores do clérigo Fethullah Gülen.

Segundo um porta-voz da procuradoria, o sucesso das investigações dependerá em parte das informações proporcionadas pelo serviço de inteligência alemão.

O ministro das Relações Exteriores alemão, Sigmar Gabriel, chegou a afirmar antes que, se for confirmado que o serviço secreto turco (MIT) espionou na Alemanha integrantes do movimento de Gülen, a quem Ancara acusa de estar por trás da tentativa fracassada de golpe de Estado de julho do ano passado, seria "muito grave".

"Se isso aconteceu, o que agora não posso confirmar nem desmentir, seria um fato muito grave", declarou Gabriel em entrevista coletiva.

Em um comparecimento para a imprensa horas antes, o ministro do Interior do estado federado da Baixa Saxônia, Boris Pistorius, afirmou que "o que é certo" é que a inteligência turca espionou cidadãos turcos residentes na Alemanha "porque estes pertencem ao movimento de Gülen ou porque o serviço secreto turco acredita que sim".

O titular regional de interior recriminou a Turquia por seu "medo quase paranoico" de estar sendo alvo de uma conspiração por parte dos gülenistas e se mostrou surpreso com "o nível de ingenuidade" do serviço secreto turco de pedir colaboração à Alemanha para monitorar os seguidores desse movimento.

Os veículos de imprensa alemães informaram ontem que muitas das imagens oferecidas pelo responsável do MIT, Hakan Fidan, ao presidente do serviço de inteligência alemão (BND, sigla em alemão), Bruno Kahl, durante um encontro na Conferência de Segurança de Munique, em fevereiro, foram feitas em território germânico, algumas inclusive utilizando câmeras de vigilância, denunciou a inteligência alemã.

O MIT ofereceu uma lista de aproximadamente 300 pessoas ao BND - das quais cerca de 200 pertencem ao movimento gülenista - com identidades, endereços, números de telefone, além das citadas imagens.

O BND transferiu esta lista à espionagem interior alemã - o Escritório para a Proteção da Constituição (BfV) -, assim como à Procuradoria e ao Escritório Federal Criminal (BKA), para sua análise.