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Justiça argentina confirma junta de especialistas que irá investigar morte de promotor

Marcos Brindicci/Reuters
Imagem: Marcos Brindicci/Reuters

Em Buenos Aires

29/03/2017 14h43

A Justiça da Argentina confirmou nesta quarta-feira (29) a junta de especialistas que investigará o caso do promotor Alberto Nisman, que foi encontrado morto em janeiro de 2015, quatro dias após ter denunciado a então presidente Cristina Kirchner por suposto acobertamento de terroristas.

A Sala IV da Câmara Federal de Cassação Penal confirmou a junta ao rejeitar um recurso apresentado pela defesa do único acusado no caso, Diego Lagomarsino, o técnico de informática que emprestou ao promotor a arma que foi encontrada junto a seu corpo.

A convocação de uma junta interdisciplinar de peritos para estabelecer as causas da morte de Nisman tinha sido uma das medidas dispostas pelo promotor Eduardo Taiano quando este assumiu a investigação no ano passado, quando o caso passou a ser de competência da Justiça Federal da Argentina.

A defesa de Lagomarsino tinha solicitado que também participassem dessa junta os especialistas que realizaram as perícias da primeira parte da investigação, quando a causa estava nas mãos de outro tribunal de competência inferior.

Transcorridos pouco mais de dois anos, a Justiça argentina ainda não pôde determinar se a morte de Nisman foi suicídio, suicídio induzido ou assassinato.

O promotor, encarregado de investigar um atentado contra uma associação judaica ocorrida em Buenos Aires em 1994 que resultou em 85 mortes, foi encontrado em sua casa em 18 de janeiro de 2015, quatro dias após apresentar a denúncia contra Cristina Kirchner e vários de seus colaboradores por suposto acobertamento dos terroristas responsáveis pelo ataque.

Para o promotor, o governo kirchnerista tinha negociado com o Irã a impunidade de vários suspeitos de envolvimento no atentado em troca de uma melhora nas relações comerciais entre os dois países.

A família de Nisman defende a hipótese de assassinato e foi muito crítica com a primeira parte da investigação da morte, que indicou mais a hipótese de suicídio, mas sem apresentar resultados conclusivos.

Lagomarsino permanece como o único acusado no caso por ser o dono da arma da qual saiu o disparo que acabou com a vida de Nisman.

Segundo a versão do acusado, o próprio promotor tinha lhe pedido a arma no dia anterior porque temia por sua segurança e a de sua família.