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Ex-chefe da campanha de Trump se ofereceu para trabalhar de graça

09/04/2017 20h43

Nova Iorque, 9 abr (EFE).- Paul Manafort, ex-chefe de campanha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e investigado por seu envolvimento na ingerência russa nas eleições de 2016, se ofereceu para trabalhar de graça para o então candidato, segundo publicou neste domingo o jornal "The New York Times".

Em uma carta de apresentação de cinco páginas para Trump, Manafort afirmava não estar "buscando um trabalho remunerado" e dizia viver na Trump Tower, um indicador de sua riqueza e de sua "disposição de trabalhar jornadas de 15 horas" no edifício, informou o jornal, citando pessoas de confiança do presidente.

Além disso, explicava como havia "vencido" durante sua trajetória como lobista de líderes políticos e empresariais ricos e poderosos, muitos deles oligarcas ou ditadores, em Rússia, Ucrânia, Filipinas e Paquistão.

Manafort, que foi chefe de campanha de Trump entre junho e agosto do ano passado, após substituir Corey Lewandowski, pediu demissão após a divulgação da notícia que estava sendo investigado na Ucrânia por receber pagamentos de um partido pró-Rússia.

Para a contratação de Manafort contribuiu seu amigo e investidor Thomas J. Barrack Jr., um dos homens de confiança do presidente, que atuou como mensageiro entre ambos após o lobista demonstrar interesse em trabalhar na campanha.

Segundo o jornal, Barrack descreveu Manafort em uma nota anexa com conceitos que captaram a atenção do presidente, como "o gerente mais experimentado e letal" e "um tubarão", e a enviou a Ivanka Trump e Jared Kushner, os assessores mais próximos do presidente.

Em sua apresentação, Manafort utilizou seu trabalho no exterior, que agora é investigado por Estados Unidos e Ucrânia, para desvincular-se do "establishment" de Washington.

Além disso, se gabou de sua experiência em "enfrentar" setores conservadores do partido republicano como chefe de convenções para vários candidatos presidenciais.

Apesar de Manafort ter trabalhado seis meses com Trump durante um período crucial de sua campanha, o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, diminuiu a importância dessa relação, afirmando que teve um "papel limitado durante um tempo limitado".

Manafort não foi acusado de nenhum delito, mas está sendo investigado sobre os laços entre a campanha de Trump e governos estrangeiros, motivo pelo qual em suas próximas audiências no Senado é provável que fale sobre sua ascensão como supervisor da convenção republicana até a chefia da campanha.

"Donald Trump e eu fizemos negócios na década dos 80, mas não tínhamos relação até que me chamou para a campanha", explicou Manafort através de seu porta-voz.

"Um posto na convenção era tudo em que estava interessado, o fato de este posto ter ganhado importância foi bastante inesperado", acrescentou Manafort, que nega ter agido contra a lei em sua trajetória.