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Fluxo de balseiros cubanos diminui com fim de "pés secos/pés molhados"

12/04/2017 22h48

Washington, 12 abr (EFE).- O fluxo marítimo de imigrantes cubanos que tentam chegar aos Estados Unidos diminuiu desde janeiro, quando o ex-presidente Barack Obama pôs fim à política "pés secos/pés molhados", informou nesta quarta-feira o comandante da Guarda Costeira americana, o almirante Paul Zukunft.

De acordo com Zukunft, desde que Obama (2009-2017) revogou essa política, a Guarda Costeira interceptou apenas uma centena de cubanos que tentavam chegar aos EUA por mar, comparado com os cerca de 10.000 de 2016.

"O fluxo se deteve", disse Zukunft durante um ato com jornalistas no Center for Media and Security de Nova York.

A política "pés secos/pés molhados" permitia aos cubanos que tocavam terra (pés secos) a possibilidade de obter residência permanente nos EUA um ano depois de chegar, mesmo se entrassem ilegalmente, enquanto os interceptados no mar (pés molhados) eram devolvidos à ilha.

Obama pôs fim a essa política - adotada pelo ex-presidente Bill Clinton (1993-2001) em 1995 - poucos dias antes de deixar a Casa Branca no marco da normalização das relações bilaterais com Cuba iniciadas em dezembro de 2014 junto ao líder cubano, Raúl Castro.

O almirante Zukunft disse que a decisão de Obama pôs fim a situações perigosas às quais a Guarda Costeira ficava exposta quando os balseiros tentavam chegar aos EUA apesar de serem interceptado no mar.

"Estou falando de automutilação, de feridas de arma de fogo autoinfligidas, ações muito desesperadas para serem transferidos a um hospital dos Estados Unidos e serem declarado 'pés secos' e depois postos em liberdade", explicou.

"Estava pondo nossa gente em risco. Tínhamos interceptações nas quais ameaçavam afogar um bebê se tentássemos detê-los", acrescentou o comandante da Guarda Costeira.

Zukunft detalhou durante o ato que os recursos que a Guarda Costeira destinava a interceptar imigrantes podem ser direcionados agora ao combate ao narcotráfico.

De acordo com o comandante, a Guarda Costeira teve constância de 580 envios de droga que não pôde interceptar porque "não tinha barcos ou aviões suficientes" para isso.

Por outro lado, o comandante da Guarda Costeira alertou que a construção do muro na fronteira sul com México prometido pelo atual presidente, Donald Trump, pode desembocar em um novo aumento de cruzamentos marítimos.

"Se não podem fazer o caminho através da fronteira terrestre, será por meio da fronteira marítima. Não vimos essa mudança ainda, mas é algo que estamos vigiando de perto", frisou.

O número de cubanos que tentaram chegar aos EUA por mar para beneficiar-se da "pés secos/pés molhados" experimentou um grande aumento durante o último ano de Obama na Casa Branca por causa da normalização de relações com Cuba.

Anteriormente, durante o ano fiscal de 2014, a Guarda Costeira tinha interceptado 2.059 cubanos no mar.