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Maior mercado de peixe da América Latina atrai multidão na Semana Santa

14/04/2017 10h01

Martí Quintana.

Cidade do México, 14 abr (EFE).- Toneladas de peixes e mariscos, uma confusão de vozes de compradores e vendedores, algumas cotoveladas por acidente e carrinhos pedindo passagem transbordam La Nueva Viga, o maior mercado de produtos do mar da América Latina, situado no México.

A Semana Santa e o costume de não comer carne nesta data leva uma multidão a visitar este enorme espaço da capital Cidade do México. Lá, é possível conseguir algumas pechinchas, seja na compra de camarão ou mesmo do exótico tubarão-martelo.

"Trago toda minha família, e nos divertimos muito com o passeio", declarou Cirilo Colinas, que chegou a La Nueva Viga vindo de Toluca, no contíguo Estado de México, com sua esposa, filhos e nora.

O trajeto, de uma hora e meia se não apresentar engarrafamentos, o lembra de sua infância. "Desde muito pequeno venho aqui, pois eu morava na capital", contou ele.

Para além da nostalgia, Colinas vai a La Nueva Viga porque nos estabelecimentos, - que vendem tanto no varejo como no atacado - "há muita variedade", e os produtos são mais econômicos.

Fundado há 25 anos, o mercado La Nueva Viga é a segunda maior central de abastecimento de peixe do mundo, atrás apenas do Tsukiji, de Tóquio, e conta com 260 armazéns.

"Carapicu puro! Branco e moreno, para que não haja discriminação", grita um dos vendedores, com bom humor.

Sentada em uma caixa, Erika Joana Moreno, proprietária da loja Helen Mar, oferece a seus clientes carapicu, bagre, salmão, atum, camarões, siri-azul e linguado de Vera Cruz.

"Na Semana Santa, as vendas sobem até 50%", disse a vendedora, que também é uma especialista em dar "opções" de culinária aos compradores e tem mercadorias para todos os bolsos, desde 50 pesos o quilo (R$ 8) a 320 pesos (R$ 50).

Nos corredores do mercado, com o chão encharcado e frio, serão comercializados nesta Semana Santa mais de 750 toneladas de cerca de 500 espécies marinhas, de acordo com cálculos da Procuradoria Federal do Consumidor (Profeco).

Para fazer um bom caixa, a disciplina é imprescindível. Com botas até os joelhos, Alan Camacho se desdobra para vender cavalas e bacalhau.

"Paramos 1h para voltar às 3h da madrugada. É um trabalho cansativo, principalmente agora que é todo o dia", contou este vendedor, que ganha entre 1.500 pesos (R$ 240) e 2.000 pesos (R$ 320) por semana.

A Profeco estima que durante a temporada de Quaresma sejam vendidas mais de 90 mil toneladas de produtos do mar em todo o México.

A jovem Montserrat Bonilla é um exemplo deste "boom" do peixe e de mariscos em datas específicas. Ela é natural de Iztapalapa, onde fica o mercado, mas só visita a central uma vez por ano.

Desta vez, ela foi com seu avô e sua tia, e os três compraram peixes e frutos do mar para toda a família. Nesta sexta-feira e no sábado, cozinharão carapicu e camarão para 10 pessoas, com um orçamento de 1.500 pesos (R$ 240).

"Os preços subiram, principalmente para limpar os carapicus", lamentou.

A cesta básica, que inclui uma centena de produtos de amplo consumo popular, registrou uma alta de 0,22% em março, frente ao mês anterior, deixando a taxa anual em 7,84%.

Esta inflação se soma a uma generalizada incerteza após a chegada de Donald Trump à Casa Branca, que pretende mudar a forte relação existente entre Estados Unidos e México.

Neste contexto, os vendedores de La Nueva Viga agradecem a chegada da Semana Santa, pois nestas datas manda a tradição... embora não para todo o mundo.

"Agora há muitas pessoas de diferentes religiões, muito respeitadas todas, mas a cada ano vem diminuindo mais o consumo de peixe nestas datas", constatou a proprietária do Helen Mar, uma das 4.000 pessoas que trabalham no espaço.