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Ex-ministro passa à oposição após denunciar falta de democracia em Fiji

16/04/2017 02h27

Sydney (Austrália), 16 abr (EFE).- Pio Tikoduadua, que foi ministro de Infra-estrutura e Transporte e braço direito do primeiro-ministro de Fiji, Frank Bainimarama, anunciou este fim de semana sua ida para a oposição porque não existe democracia em seu país.

Tikoduadua disse em coletiva de imprensa em Suva que pensa em concorrer às eleições gerais de 2018 com o opositor Partido da Federação Nacional, informou o jornal "Fiji Enganes".

"O principal problema de Fiji neste momento não é que minha opinião não conte, é que não importa a opinião de ninguém, salvo a do premiê e a do procurador-geral (Aiyaz-Sayed-Khaiyum)", disse o político, que renunciou a sua cadeira em 2015 por causa de um câncer.

Tikoduadua acrescentou que ao não contar a opinião dos demais se enfraquece a democracia e a unidade, não se forja uma visão comum do futuro e se cria uma situação como a atual: "Vivemos em um clima de medo e restrições".

Da sua parte, Bainimarama descartou como "lixo" as acusações de seu antigo homem de confiança em declarações aos jornalistas posteriores à citada coletiva de imprensa, e declarou que Tikoduadua não é mais que outro candidato às eleições gerais, de acordo com o jornal "Fiji Sun".

Bainimarama é o "homem forte" de Fiji desde o golpe de Estado que deu em 2006 como chefe das Forças Armadas para, segundo disse na época, defender a multiculturalidade e frear o nacionalismo fijiano.

Aiyaz-Sayed-Khaiyum, membro da comunidade muçulmana, é secretário geral do Partido Fiji Primeiro e comanda a Procuradoria do Estado desde 2007, quando Bainimarama o nomeou procurador-geral.

Fiji, com uma população de 800 mil pessoas, sofreu desde sua independência, em 1970, quatro golpes de Estado produto da desigual repartição de poder entre as comunidades formadas pelas pessoas de origem fijiana e as descendentes dos indianos levados ao país para trabalhar nas plantações.