Justiça dos EUA frustra início de maratona de execuções no Arkansas
Albert Traver
Washington, 18 abr (EFE).- Com a suspensão de duas execuções, a Justiça dos Estados Unidos frustou nas últimas horas o início de uma maratona sem precedentes com a qual o estado de Arkansas pretendia acabar com a vida de 8 presos em apenas 10 dias.
Enquanto o Supremo Tribunal de Arkansas bloqueou a execução de Bruce Ward para decidir se o réu está mentalmente capacitado, o Supremo Tribunal dos EUA fez o mesmo com a de Don Davis sem especificar os motivos.
A decisão do Supremo sobre a pena de Davis foi revelada 15 minutos antes da meia-noite de ontem, quando expirava a ordem de execução e quando todas as testemunhas já estavam prontas para presenciar a morte após mais de cinco horas de espera.
Davis, condenado à morte por um assassinato em 1990 durante um roubo a uma casa, chegou a ter seu último jantar: frango frito acompanhado de purê de batatas, cenouras e pão, um bolo de morangos de sobremesa e um ponche de frutas como bebida.
Em um comunicado, a governadora de Arkansas, a republicana Asa Hutchinson, mostrou sua frustração pelo "atraso" das decisões judiciais para as famílias das vítimas e disse acreditar na execução na quinta-feira de outros dois presos.
Nesse mesmo sentido, a procuradora-geral de Arkansas, Leslie Rutledge, considerou o erro "devastador" para a família de Jane Daniel, a vítima de Davis, embora lembrou que "restam cinco execuções programadas sem impedimentos".
Hutchinson programou as oito execuções no final de fevereiro pouco depois que o Supremo Tribunal rejeitou uma demanda interposta pelos presos e deu sinal verde ao Arkanasas para utilizar as injeções letais pela primeira vez desde 2005.
A intenção de realizar oito execuções em dez dias, sem precedente desde que os EUA reinstauraram a pena de morte há 40 anos, corresponde ao fato de que um dos três componentes utilizados - o sedativo conhecido como midazolam - é válido somente até o final de abril e muito difícil de se adquirir pela recusa das farmacêuticas a fornecê-lo.
O calendário de Hutchinson despertou suspeitas entre partidários do castigo capital e rejeição entre os opositores, já que a pena de morte acontece agora por sua fase mais sombria, apesar de 1.448 presos terem sido executados no EUA - 27 no Arkansas - desde 1977.
O Texas executou quatro réus desde o início de 2017, enquanto Virgínia e Missouri, um cada um.
Davis, um homem branco, foi condenado à morte pelo assassinato de Daniel, que tinha 62 anos, durante um roubo a sua casa em 1990 e a de hoje foi a sexta tentativa do estado de Arkansas de executá-lo.
Já Ward, também branco, foi condenado à morte pelo estupro e assassinato de uma funcionária de um posto de gasolina de 18 anos em 1989.
Apesar das tentativas falidas, o Arkansas pretende executar na quinta-feira Stacey Johnson, afro-americano, pelo assassinato de um guarda de prisões em 1995 enquanto cumpria uma pena de prisão perpétua por matar um empresário cinco anos antes.
Ledell Lee, também afro-americano, poderia ser executado nesse mesmo dia pelo estupro e assassinato de uma mulher em 1993. Lee é acusado, além disso, de ter estuprado várias mulheres e de ter assassinado outras duas.
Na próxima segunda-feira será a vez do afro-americano Marcel Williams pelo sequestro, estupro e assassinato de uma mulher em 1994, bem como de Jack Jones, um homem branco condenado pelo estupro e assassinato de uma mulher em 1995 e da tentativa de assassinato de sua filha de 11 anos.
Finalmente, o Arkansas também pretende executar em 27 de abril o afro-americano Kenneth Williams, condenado pelo assassinato de um homem durante uma fuga da cadeia na qual cumpria prisão perpétua em 1999 por outro homicídio um ano antes.
O oitavo da lista, Jason McGehee, condenado à morte pelo assassinato em 1996 de um adolescente com o qual vivia e que o delatou às autoridades por roubar cheques.
O Arkansas reconheceu que não tem os meios para obter mais midazolam. Assim, os presos que consigam evitar esta maratona de execuções, prolongarão por tempo indefinido sua estadia no corredor da morte, no qual alguns - como Davis - já estão há 25 anos.
Washington, 18 abr (EFE).- Com a suspensão de duas execuções, a Justiça dos Estados Unidos frustou nas últimas horas o início de uma maratona sem precedentes com a qual o estado de Arkansas pretendia acabar com a vida de 8 presos em apenas 10 dias.
Enquanto o Supremo Tribunal de Arkansas bloqueou a execução de Bruce Ward para decidir se o réu está mentalmente capacitado, o Supremo Tribunal dos EUA fez o mesmo com a de Don Davis sem especificar os motivos.
A decisão do Supremo sobre a pena de Davis foi revelada 15 minutos antes da meia-noite de ontem, quando expirava a ordem de execução e quando todas as testemunhas já estavam prontas para presenciar a morte após mais de cinco horas de espera.
Davis, condenado à morte por um assassinato em 1990 durante um roubo a uma casa, chegou a ter seu último jantar: frango frito acompanhado de purê de batatas, cenouras e pão, um bolo de morangos de sobremesa e um ponche de frutas como bebida.
Em um comunicado, a governadora de Arkansas, a republicana Asa Hutchinson, mostrou sua frustração pelo "atraso" das decisões judiciais para as famílias das vítimas e disse acreditar na execução na quinta-feira de outros dois presos.
Nesse mesmo sentido, a procuradora-geral de Arkansas, Leslie Rutledge, considerou o erro "devastador" para a família de Jane Daniel, a vítima de Davis, embora lembrou que "restam cinco execuções programadas sem impedimentos".
Hutchinson programou as oito execuções no final de fevereiro pouco depois que o Supremo Tribunal rejeitou uma demanda interposta pelos presos e deu sinal verde ao Arkanasas para utilizar as injeções letais pela primeira vez desde 2005.
A intenção de realizar oito execuções em dez dias, sem precedente desde que os EUA reinstauraram a pena de morte há 40 anos, corresponde ao fato de que um dos três componentes utilizados - o sedativo conhecido como midazolam - é válido somente até o final de abril e muito difícil de se adquirir pela recusa das farmacêuticas a fornecê-lo.
O calendário de Hutchinson despertou suspeitas entre partidários do castigo capital e rejeição entre os opositores, já que a pena de morte acontece agora por sua fase mais sombria, apesar de 1.448 presos terem sido executados no EUA - 27 no Arkansas - desde 1977.
O Texas executou quatro réus desde o início de 2017, enquanto Virgínia e Missouri, um cada um.
Davis, um homem branco, foi condenado à morte pelo assassinato de Daniel, que tinha 62 anos, durante um roubo a sua casa em 1990 e a de hoje foi a sexta tentativa do estado de Arkansas de executá-lo.
Já Ward, também branco, foi condenado à morte pelo estupro e assassinato de uma funcionária de um posto de gasolina de 18 anos em 1989.
Apesar das tentativas falidas, o Arkansas pretende executar na quinta-feira Stacey Johnson, afro-americano, pelo assassinato de um guarda de prisões em 1995 enquanto cumpria uma pena de prisão perpétua por matar um empresário cinco anos antes.
Ledell Lee, também afro-americano, poderia ser executado nesse mesmo dia pelo estupro e assassinato de uma mulher em 1993. Lee é acusado, além disso, de ter estuprado várias mulheres e de ter assassinado outras duas.
Na próxima segunda-feira será a vez do afro-americano Marcel Williams pelo sequestro, estupro e assassinato de uma mulher em 1994, bem como de Jack Jones, um homem branco condenado pelo estupro e assassinato de uma mulher em 1995 e da tentativa de assassinato de sua filha de 11 anos.
Finalmente, o Arkansas também pretende executar em 27 de abril o afro-americano Kenneth Williams, condenado pelo assassinato de um homem durante uma fuga da cadeia na qual cumpria prisão perpétua em 1999 por outro homicídio um ano antes.
O oitavo da lista, Jason McGehee, condenado à morte pelo assassinato em 1996 de um adolescente com o qual vivia e que o delatou às autoridades por roubar cheques.
O Arkansas reconheceu que não tem os meios para obter mais midazolam. Assim, os presos que consigam evitar esta maratona de execuções, prolongarão por tempo indefinido sua estadia no corredor da morte, no qual alguns - como Davis - já estão há 25 anos.
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