Egípcios mantêm tradição milenar de iluminar noites do Ramadã com lanternas
Samar Ezzat e Isaac J. Martín.
Cairo, 26 mai (EFE).- Há mil anos, os egípcios iluminavam as ruas com pequenas lanternas, que acabaram se transformando no símbolo do Ramadã e continuam sendo utilizadas para enfeitar os bairros nestas datas: são as chamadas "fanus".
No canto de uma pequena oficina, o artesão egípcio Salama Hanafi trabalha incessantemente com o filho Atef para fazer as lanternas e vendê-las antes do primeiro dia do Ramadã, que começará na noite desta sexta-feira.
Na entrada da oficina, situada na região de Berket el Fil, no popular bairro de Sayeda Zeinab, e próxima a uma mesquita do século XIX, as lanternas de diferentes tamanhos alinhadas no chão mostram o caminho até o espaço onde Hanafi produz manualmente suas obras coloridas.
"Antes, a maior lanterna media 15 centímetros, mas agora chega a até dois e três metros. Depende da época", contou Hanafi à Agência Efe.
A origem dessas lanternas remonta ao califado fatímida, que reinou no norte da África do ano 909 a 1.171 d.C., e do qual o Cairo se tornou capital a partir da segunda metade do século X.
Desde então, as lanternas têm se transformando em um símbolo do mês sagrado para os muçulmanos, durante o qual é proibido comer, beber e fumar entre o amanhecer e o por do sol. Além disso, a forma e o uso das 'fanus' evoluíram com o tempo, segundo o artista.
"Na era dos fatímidas eram utilizadas lanternas menores, com uma porta que se abria para colocar uma vela no interior", explicou Hanafi.
Com as mãos amareladas após pintar as bordas do vidro com essa cor para proteger o objeto da oxidação, ele explicou que para fazer as lanternas é preciso de soldar a folha de flandres para ir pouco a pouco dando a forma definitiva à peça.
Nos diferentes períodos históricos, os costumes não marcavam apenas os tamanhos e as formas das lanternas, mas também os seus nomes.
"Na época em que o Egito foi governado pelo rei Faruk, fizemos lanternas prateadas chamamas Príncipe Faruk", disse o artesão. Agora, o famoso produto se chama "fatia de melancia", denominado assim pela forma e pelo vidro avermelhado.
Várias pessoas passaram pela oficina de Hanafi, que exerce a profissão há mais de 50 anos, para aprender o ofício. Atualmente, os antigos aprendizes têm seus próprios negócios.
As lanternas são utilizadas agora para decorar as ruas egípcias, os cafés, as casas e os pontos turísticos. De acordo com Hanafi, antes as crianças costumavam brincar ao redor das 'fanus' "e cantavam canções para dar as boas-vindas ao mês de jejum e prosperidade para milhões de muçulmanos".
Embora o trabalho de Hanafi tenha sido prejudicado e até mesmo ameaçado nos últimos anos por objetos decorativos que começaram a chegar da China e da Índia, ele nunca pensou em fechar o negócio.
"Nenhuma das lanternas que chegam da China ou da Índia é a 'fanus' original, o que eles fabricam são brinquedos", declarou o artista, que só vende por atacado.
Esses "brinquedos" de plástico aos quais Hanafi se refere lotam as portas das lojas para chamar a atenção dos pedestres que buscam decorar suas casas às vésperas do primeiro dia do jejum, ainda que, segundo o egípcio, "a venda desses objetos já não afeta" seu bnegócio.
"O povo egípcio gosta de qualquer coisa que venha de fora. Ele testa, usa e depois volta de novo ao original", afirmou o artesão, ao dizer que os egípcios recuperaram a tradição de comprar as lanternas "de verdade".
Cairo, 26 mai (EFE).- Há mil anos, os egípcios iluminavam as ruas com pequenas lanternas, que acabaram se transformando no símbolo do Ramadã e continuam sendo utilizadas para enfeitar os bairros nestas datas: são as chamadas "fanus".
No canto de uma pequena oficina, o artesão egípcio Salama Hanafi trabalha incessantemente com o filho Atef para fazer as lanternas e vendê-las antes do primeiro dia do Ramadã, que começará na noite desta sexta-feira.
Na entrada da oficina, situada na região de Berket el Fil, no popular bairro de Sayeda Zeinab, e próxima a uma mesquita do século XIX, as lanternas de diferentes tamanhos alinhadas no chão mostram o caminho até o espaço onde Hanafi produz manualmente suas obras coloridas.
"Antes, a maior lanterna media 15 centímetros, mas agora chega a até dois e três metros. Depende da época", contou Hanafi à Agência Efe.
A origem dessas lanternas remonta ao califado fatímida, que reinou no norte da África do ano 909 a 1.171 d.C., e do qual o Cairo se tornou capital a partir da segunda metade do século X.
Desde então, as lanternas têm se transformando em um símbolo do mês sagrado para os muçulmanos, durante o qual é proibido comer, beber e fumar entre o amanhecer e o por do sol. Além disso, a forma e o uso das 'fanus' evoluíram com o tempo, segundo o artista.
"Na era dos fatímidas eram utilizadas lanternas menores, com uma porta que se abria para colocar uma vela no interior", explicou Hanafi.
Com as mãos amareladas após pintar as bordas do vidro com essa cor para proteger o objeto da oxidação, ele explicou que para fazer as lanternas é preciso de soldar a folha de flandres para ir pouco a pouco dando a forma definitiva à peça.
Nos diferentes períodos históricos, os costumes não marcavam apenas os tamanhos e as formas das lanternas, mas também os seus nomes.
"Na época em que o Egito foi governado pelo rei Faruk, fizemos lanternas prateadas chamamas Príncipe Faruk", disse o artesão. Agora, o famoso produto se chama "fatia de melancia", denominado assim pela forma e pelo vidro avermelhado.
Várias pessoas passaram pela oficina de Hanafi, que exerce a profissão há mais de 50 anos, para aprender o ofício. Atualmente, os antigos aprendizes têm seus próprios negócios.
As lanternas são utilizadas agora para decorar as ruas egípcias, os cafés, as casas e os pontos turísticos. De acordo com Hanafi, antes as crianças costumavam brincar ao redor das 'fanus' "e cantavam canções para dar as boas-vindas ao mês de jejum e prosperidade para milhões de muçulmanos".
Embora o trabalho de Hanafi tenha sido prejudicado e até mesmo ameaçado nos últimos anos por objetos decorativos que começaram a chegar da China e da Índia, ele nunca pensou em fechar o negócio.
"Nenhuma das lanternas que chegam da China ou da Índia é a 'fanus' original, o que eles fabricam são brinquedos", declarou o artista, que só vende por atacado.
Esses "brinquedos" de plástico aos quais Hanafi se refere lotam as portas das lojas para chamar a atenção dos pedestres que buscam decorar suas casas às vésperas do primeiro dia do jejum, ainda que, segundo o egípcio, "a venda desses objetos já não afeta" seu bnegócio.
"O povo egípcio gosta de qualquer coisa que venha de fora. Ele testa, usa e depois volta de novo ao original", afirmou o artesão, ao dizer que os egípcios recuperaram a tradição de comprar as lanternas "de verdade".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.