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Cristina pede que juiz seja afastado de caso iniciado por Nisman

05/06/2017 14h04

Buenos Aires, 5 jun (EFE).- A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner pediu que juiz Claudio Bonadio, responsável pelo caso iniciado depois da denúncia apresentada pelo promotor Alberto Nisman dias antes de morrer, seja afastado do processo.

Fontes da Justiça confirmaram à Agência Efe que a ex-presidente, através de um de seus advogados, Alejandro Rúa, apresentou nesta manhã um pedido no qual entende que o juiz não pode ficar à frente do caso por ser acusado em outro processo por supostas irregularidades na apuração do atentado à Associação Mutual Israelita Argentina (Amia).

Quatro dias antes de ser encontrado morto dentro de seu apartamento, Nisman acusou a ex-presidente e outros funcionários do governo de encobrir a participação de terroristas iranianos no ataque, que deixou 85 mortos em 1994.

O caso já chegou a ser encerrado em 2015 por "inexistência de crime", mas foi reaberto em 2016. No último dia 31 de maio, um tribunal autorizou que o processo fosse passado para Bonadio, que já é responsável por uma investigação similar por "traição à pátria" contra funcionários do governo de Cristina que teriam aprovado um memorando com o Irã.

A defesa da ex-presidente sustenta que Bonadio foi denunciado pelo próprio Nisman durante a instrução do processo pelo ataque à Amia, acusando o juiz de irregularidades. Por esse motivo, os advogados de Cristina acreditam que o magistrado deve ser afastado.

"Bonadio interveio em relação ao caso Amia inicialmente como juiz do expediente 9789/2000, vinculado com o encobrimento, até que após cinco anos de irregularidades foi afastado por seu superior, no dia 17 de novembro de 2005, por ser 'juiz e parte' (do processo), ao estar também acusado no caso", indica o texto dos advogados da ex-presidente, segundo a agência oficial "Télam".

A petição de hoje é a segunda de Cristina contra um juiz que investiga as denúncias feitas pelo promotor morto. Antes, a ex-presidente pediu o afastamento de Ariel Lijo por "descumprir as regras de procedimento judicial".

A denúncia de Nisman acusa Cristina, o ex-chanceler Héctor Timerman e outros funcionários do alto escalão do governo de encobrir os supostos autores iranianos do ataque contra a Amia em troca de vantagens comerciais com Teerã.

Para o promotor morto, o memorando de entendimento assinado entre Argentina e Irã em 2013 para investigar o atentado de forma conjunta, na realidade, visava garantir a impossibilidade de julgar vários suspeitos de planejar o ataque.

O memorando nunca foi ratificado pelo Irã. Na Argentina, o documento chegou a ser aprovado no Congresso, mas posteriormente foi considerado como inconstitucional pela Corte Suprema.

Nisman foi encontrado morto em seu apartamento em 18 de janeiro em 2015 com um tiro na cabeça, mas a Justiça da Argentina ainda não determinou se ocorreu um suicídio, um suicídio induzido ou um homicídio relacionado com a investigação, como alega a família do promotor.