Topo

Oposição venezuelana acusa policiais de usarem munição real em protestos

06/06/2017 15h22

Caracas, 6 jun (EFE).- Membros da Mesa da Unidade Democrática (MUD), principal aliança de oposição na Venezuela, apresentaram nesta terça-feira uma denúncia ao Ministério Público contra policiais que estariam usando munição real para conter os protestos contra o governo de Nicolás Maduro realizados no país há 67 dias.

O deputado Juan Miguel Matheus disse a jornalistas, depois de entregar o documento, que o processo cita "delitos de agressões pessoais contra a população e contra parlamentares", mas não especificou o número de envolvidos nem seus nomes.

O opositor responsabilizou o ministro do Interior e Justiça, Néstor Reverol, pelos incidentes e por ter autorizado o "uso de armas de fogo e gases tóxicos na contenção de manifestações, bem como ter dado licença para que os agentes roubem os manifestantes".

Matheus disse que agentes da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) e da Polícia Nacional Bolivariana (PNB) que estão envolvidos nesses fatos "violentaram direitos fundamentais dos venezuelanos".

"Cometeram crimes de alteração de munição, prejudicaram com abuso de autoridade certos grupos políticos. Nenhum agente da GNB, nenhum membro da PNB que viole os direitos humanos reprimindo manifestações pacíficas pode alegar que estava cumprindo ordens superiores", afirmou o deputado.

"Existe uma corresponsabilidade hierárquica entre Reverol e os oficiais que estão envolvidos em roubos em massa e novas irregularidades", acusou o parlamentar opositor.

Matheus afirmou que os agentes estão danificando e roubando máquinas e celulares para apagar evidências que os incriminem.

Ontem, a MUD convocou seus simpatizantes a bloquear várias ruas de Caracas e de todo país para protestar contra uma eventual mudança da Constituição patrocinada por Maduro.

Na capital, a manifestação foi dispersada em várias ocasiões por bombas de gás lacrimogêneo por parte da polícia que, segundo os opositores, cometeu uma série de abusos.

Desde o dia 1º de abril, a Venezuela vive uma onda de manifestações contra e a favor do governo. Algumas delas terminaram em violência, o que já provocou a morte de 65 pessoas.