ONG chinesa pede que Ivanka Trump interceda no caso de três ativistas detidos
O grupo China Labor Watch (CLW) pediu para Ivanka Trump que ajude três de seus ativistas detidos quando examinavam as condições de uma fábrica de calçados que produz para a sua marca, mas ainda não foram respondidos, lamentou a ONG, dedicada a denunciar casos de exploração trabalhista.
"Estamos muito decepcionados por não ter recebido sua resposta", disse o diretor da China Labor Watch, Li Qiang, em um comunicado enviado na quinta-feira (15) à noite, junto com uma cópia da carta enviada no último dia 6 para a filha do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Na carta, a CLW explica que os ativistas, Li Zhao, Su Heng e Hua Haifeng, estão detidos e isolados desde o final do mês passado, acusados de fotografar e gravar sem permissão imagens de uma fábrica que abastece a marca de sapatos de Ivanka Trump, onde tinham entrado como funcionários para investigar suas condições.
A CLW, com sede em Nova York, denunciou que a fábrica, que também produz para outras marcas estrangeiras, violava os direitos dos trabalhadores com horas extras forçadas, renda inferior ao salário mínimo legal e abuso verbal, entre outros problemas.
"Nos últimos 17 anos, a CLW fez centenas de investigações em fábricas, mas esta é a primeira vez que os nossos investigadores se enfrentam acusações criminais, e pensamos que o caso diz respeito a fábricas relacionados com a sua marca", diz a carta, se referindo à filha de Trump.
"Gostaríamos que a senhora usasse sua influência para pedir a liberdade dos nossos investigadores", pedem para Ivanka Trump.
Os três detidos se encontram em dependências policiais de Ganzhou (província de Jiangxi) e, segundo a CLW, não sofreram abusos durante as mais de duas semanas que passaram privados de liberdade.
Li Qiang também pediu para que Ivanka Trump faça pressão para "melhorar as condições de trabalho nas fábricas relacionadas com sua marca".
Por outro lado, a mulher de um dos detidos, Hua Haifeng, publicou, também na quinta, uma carta - rapidamente censurada nas redes sociais chinesas - em que denuncia ter sido interrogada por até quatro horas, além de ameaças e perseguições.
"Eu me senti apavorada, assustada, preocupada e desamparada", lamenta a mulher, Deng Guilian, denunciando estar em uma situação semelhante à prisão domiciliar, pelo simples fato de ser a esposa de um investigado, algo que ocorre frequentemente com familiares de ativistas e dissidentes.
Deng disse que instalaram câmeras de segurança perto de seu domicílio, e que policiais vigiam durante a noite as imediações da sua casa. "Não sei se vou acabar em uma clínica psiquiátrica antes que Hua volte pra mim", afirma.
A imprensa chinesa disse na semana passada que os três detidos são suspeitos de uma possível "venda de segredos industriais para o exterior".
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