Correa chama Temer de traidor e diz que Trump é recordista em estupidez
Rubén Figueroa.
Montevidéu, 23 jun (EFE).- O ex-presidente do Equador Rafael Correa afirmou nesta sexta-feira à Agência Efe que o presidente do Brasil, Michel Temer, representa a traição na política e que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já bateu o recorde de estupidez, apesar de estar há apenas seis meses no cargo.
Em entrevista exclusiva à Agência Efe em Montevidéu, Correa sugeriu que a palavra "traição" fosse substituída nos dicionários. "Devíamos chamar isso de Temer daqui em diante", afirmou o ex-presidente, que governou o Equador entre 2007 e 2017.
"Para ter dois anos de poder, (Temer) condenou as futuras gerações à vergonha. Que traição descarada!", enfatizou.
Defensor da chamada "Revolução Cidadã", Correa diz que a direita latino-americana está se articulando por meio de monopólios formados pelos veículos de comunicação nacionais e internacionais. A imprensa, segundo o ex-presidente equatoriano, consegue fazer com que a população vote contra seus interesses e a favor da elite.
"Um exemplo disso vimos no Brasil, onde o golpe contra Dilma Rousseff foi midiático", indicou.
Para o ex-presidente equatoriano, o governo de Temer não tem nenhum respaldo popular e só se sustenta devido ao apoio de grupos econômicos e da imprensa local.
"(O governo de Temer) já é um fracasso total, e insisto: vamos ver o que vai acontecer nas próximas eleições. O Brasil é uma das grandes possibilidades de retorno de um governo progressista na região, com o adicional de que isso ocorreria no maior país da América Latina", destacou.
Correa também enumerou na entrevista o que considera como estupidezes cometidas por Trump: o muro que o presidente americano quer construir na fronteira com o México para evitar a imigração, o recuo no processo de reaproximação com Cuba e a saída do país do Acordo Climático de Paris.
"Como se fosse possível evitar a imigração com um muro. Se cessa a imigração com prosperidade, paz, etc. Mas ele quer construir um muro e quer que os mexicanos paguem por ele. Que prepotência!", exclamou.
Sobre as relações entre EUA e Cuba, o ex-presidente equatoriano indicou que Trump retrocedeu em todos os pontos em que o governo americano tinha avançado com seu antecessor, Barack Obama, e afirmou que o embargo à ilha é "patético" no nível do direito internacional.
Para Correa, a política em relação a Cuba, ao lado da saída do Acordo Climático de Paris, são "extremamente graves" que favorecem a constituição de "expressões tão elementares da direita pré-histórica e mais arcaica". Correa, no entanto, avalia que esse movimento serve para "fortalecer os processos de esquerda".
O ex-presidente equatoriano citou como exemplo os governos progressistas da América Latina no início do século, uma "reação às políticas elementares e primárias" do então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
"E Bush era um intelectual ao lado de Trump", afirmou Correa, que prevê uma nova reação da América Latina em favor de governos de esquerda em seus países contra os efeitos causados pelas políticas do novo presidente dos EUA.
Para Correa, as decisões de Trump também provocam muitos danos à própria direita, já que o republicano é um defensor do protecionismo e contrário ao livre comércio.
"O mundo está de pernas pro ar. Trump deslocou a direita, e agora a direita tem que tomar a China como inspiração, que é o país que mais promove a globalização, enquanto a direita dos EUA agora defende o protecionismo", avaliou.
Sobre a Argentina, Correa disse que o governo de Mauricio Macri é um exemplo da presença da direita na região e que está aplicando, com todo rigor, o manual neoliberal. No entanto, o ex-presidente do Equador reconheceu que se trata de um governo legítimo, escolhido pelos cidadãos do país nas urnas.
Perguntado sobre a possibilidade de a ex-presidente Cristina Kirchner ser candidata nas próximas eleições legislativas da Argentina, Correa enviou uma mensagem de apoio. "Tomara que ela o faça", disse.
Quanto ao mapa político da região, o ex-presidente do Equador disse acreditar que a região retrocedeu na comparação com 2009, quando oito de dez países da América do Sul tinham governos de esquerda. No entanto, citou 1998 para fazer uma nova comparação. "Havia uma total prevalência do neoliberalismo, e hoje a situação está muito melhor".
Nesse sentido, Correa considerou como um "ponto de ruptura" a eleição de seu aliado, Lenín Moreno, no Equador, e comparou o pleito de seu país com a batalha de Stalingrado. "Foi a (batalha) que mudou os rumos da Segunda Guerra Mundial", afirmou.
"Não nos consideramos exemplo de nada, mas tomara que a experiência equatoriana possa ajudar em outros processos", desejou.
rfg/lvl/id
(foto) (vídeo)
Montevidéu, 23 jun (EFE).- O ex-presidente do Equador Rafael Correa afirmou nesta sexta-feira à Agência Efe que o presidente do Brasil, Michel Temer, representa a traição na política e que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já bateu o recorde de estupidez, apesar de estar há apenas seis meses no cargo.
Em entrevista exclusiva à Agência Efe em Montevidéu, Correa sugeriu que a palavra "traição" fosse substituída nos dicionários. "Devíamos chamar isso de Temer daqui em diante", afirmou o ex-presidente, que governou o Equador entre 2007 e 2017.
"Para ter dois anos de poder, (Temer) condenou as futuras gerações à vergonha. Que traição descarada!", enfatizou.
Defensor da chamada "Revolução Cidadã", Correa diz que a direita latino-americana está se articulando por meio de monopólios formados pelos veículos de comunicação nacionais e internacionais. A imprensa, segundo o ex-presidente equatoriano, consegue fazer com que a população vote contra seus interesses e a favor da elite.
"Um exemplo disso vimos no Brasil, onde o golpe contra Dilma Rousseff foi midiático", indicou.
Para o ex-presidente equatoriano, o governo de Temer não tem nenhum respaldo popular e só se sustenta devido ao apoio de grupos econômicos e da imprensa local.
"(O governo de Temer) já é um fracasso total, e insisto: vamos ver o que vai acontecer nas próximas eleições. O Brasil é uma das grandes possibilidades de retorno de um governo progressista na região, com o adicional de que isso ocorreria no maior país da América Latina", destacou.
Correa também enumerou na entrevista o que considera como estupidezes cometidas por Trump: o muro que o presidente americano quer construir na fronteira com o México para evitar a imigração, o recuo no processo de reaproximação com Cuba e a saída do país do Acordo Climático de Paris.
"Como se fosse possível evitar a imigração com um muro. Se cessa a imigração com prosperidade, paz, etc. Mas ele quer construir um muro e quer que os mexicanos paguem por ele. Que prepotência!", exclamou.
Sobre as relações entre EUA e Cuba, o ex-presidente equatoriano indicou que Trump retrocedeu em todos os pontos em que o governo americano tinha avançado com seu antecessor, Barack Obama, e afirmou que o embargo à ilha é "patético" no nível do direito internacional.
Para Correa, a política em relação a Cuba, ao lado da saída do Acordo Climático de Paris, são "extremamente graves" que favorecem a constituição de "expressões tão elementares da direita pré-histórica e mais arcaica". Correa, no entanto, avalia que esse movimento serve para "fortalecer os processos de esquerda".
O ex-presidente equatoriano citou como exemplo os governos progressistas da América Latina no início do século, uma "reação às políticas elementares e primárias" do então presidente dos Estados Unidos, George W. Bush.
"E Bush era um intelectual ao lado de Trump", afirmou Correa, que prevê uma nova reação da América Latina em favor de governos de esquerda em seus países contra os efeitos causados pelas políticas do novo presidente dos EUA.
Para Correa, as decisões de Trump também provocam muitos danos à própria direita, já que o republicano é um defensor do protecionismo e contrário ao livre comércio.
"O mundo está de pernas pro ar. Trump deslocou a direita, e agora a direita tem que tomar a China como inspiração, que é o país que mais promove a globalização, enquanto a direita dos EUA agora defende o protecionismo", avaliou.
Sobre a Argentina, Correa disse que o governo de Mauricio Macri é um exemplo da presença da direita na região e que está aplicando, com todo rigor, o manual neoliberal. No entanto, o ex-presidente do Equador reconheceu que se trata de um governo legítimo, escolhido pelos cidadãos do país nas urnas.
Perguntado sobre a possibilidade de a ex-presidente Cristina Kirchner ser candidata nas próximas eleições legislativas da Argentina, Correa enviou uma mensagem de apoio. "Tomara que ela o faça", disse.
Quanto ao mapa político da região, o ex-presidente do Equador disse acreditar que a região retrocedeu na comparação com 2009, quando oito de dez países da América do Sul tinham governos de esquerda. No entanto, citou 1998 para fazer uma nova comparação. "Havia uma total prevalência do neoliberalismo, e hoje a situação está muito melhor".
Nesse sentido, Correa considerou como um "ponto de ruptura" a eleição de seu aliado, Lenín Moreno, no Equador, e comparou o pleito de seu país com a batalha de Stalingrado. "Foi a (batalha) que mudou os rumos da Segunda Guerra Mundial", afirmou.
"Não nos consideramos exemplo de nada, mas tomara que a experiência equatoriana possa ajudar em outros processos", desejou.
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