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Temer diz ter "preocupação mínima" com denúncia "fictícia" de Janot

27/06/2017 17h24

Brasília, 27 jun (EFE).- O presidente Michel Temer afirmou nesta terça-feira ter uma "preocupação mínima" com a denúncia por corrupção passiva apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, considerada por ele como uma "peça de ficção".

Temer convocou os jornalistas ao Palácio do Planalto para um pronunciamento no qual declarou ter um "absoluto respeito" pela Justiça, mas disse que a denúncia de Janot é baseada em "provas ilícitas" e em "ilações" alheias à verdade.

Essas foram as primeiras declarações de Temer depois de a Procuradoria-Geral da República (PGR) ter apresentado ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma denúncia contra ele pelo crime de corrupção passiva, baseada nas delações de diretores do Grupo JBS.

O presidente, cercado por ministros e parlamentares da base aliada, recorreu a ironia para afirmar que Janot "reinventou o código penal para incluir uma nova categoria, a denúncia por ilação, o que representa um precedente perigoso no Direito".

Temer também criticou Janot ao afirmar que um de seus antigos colaboradores ganha "milhões" em um escritório de advocacia que defende os donos da JBS e que, além disso, o acordo de delação premiada de Joesley Batista, dono do grupo, foi firmado com a cooperação dessa empresa.

"Esse senhor, o Marcelo Miller (antigo assessor de Janot) ganhou milhões em seu novo trabalho. Talvez os milhões de honorários recebidos não fossem apenas ao assessor de confiança (Miller), mas eu tenho responsabilidade e não farei ilações. Tenho a mais absoluta convicção de que não posso denunciar sem provas", disse Temer.

O presidente declarou que foi "vítima" de um "ataque injurioso, indigno e infame" contra sua "dignidade pessoal" e de uma "infâmia de natureza política" no momento em que seu governo está colocando o país nos trilhos do crescimento econômico.

Temer disse falar em nome da "instituição da presidência" e em "defesa de sua dignidade pessoal", concluindo o pronunciamento em tom de advertência.

"Não permitirei que me acusem de crimes que jamais cometi. Não cederei frente a ataques irresponsáveis. Não me falta coragem para continuar trabalhando na reconstrução do país", afirmou.

Temer se tornou o primeiro presidente da história a ser acusado pela PRG em pleno exercício do cargo, em meio de uma crise política e institucional que parece não ter fim.

Para ser autorizada, a denúncia terá que ser aprovada por pelo menos dois terços da Câmara dos Deputados, onde Temer mantém, por enquanto, uma ampla maioria.

Caso os deputados autorizem a denúncia, o plenário do STF autoriza seu mérito. Caso os ministros decidam confirmar a decisão da Câmara, Temer seria suspenso das funções por 180 dias.