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Líder do maior partido de oposição no Japão renuncia em plena crise de Abe

27/07/2017 06h58

Tóquio, 27 jul (EFE).- A líder do Partido Democrático do Japão (PD), Renho Murata, apresentou nesta quinta-feira sua renúncia por conta dos maus resultados alcançados nas eleições regionais de Tóquio, e em um momento em que o governo de Shinzo Abe atravessa uma grave crise.

Renho, de 49 anos, se tornou em setembro do ano passado na primeira mulher em liderar a oposição em um país caraterizado por uma escassa presença feminina na política, mas não durou nem um ano no cargo, ao não saber aproveitar o desgaste do governante Partido Liberal Democrata (PLD).

"Acredito que o melhor a fazer é dar um passo atrás e abrir caminho para uma nova liderança", disse Renho, em uma entrevista coletiva em Tóquio, onde cujas eleições regionais, realizadas no mês passado, seu partido conquistou cinco cadeiras do total de 127, um recorde negativo histórico.

"Nestas eleições, percebi que faltava alguma coisa... A minha capacidade de liderança foi insuficiente", disse a ex-modelo e jornalista, que não conseguiu recuperar a credibilidade de um partido muito debilitado, desde a gestão bastante questionada, que o levou a perder o governo em 2012.

Apesar da popularidade, Renho que foi considerada na época um valor emergente da política japonesa, foi incapaz de tirar proveito da crise que atravessa o partido de Abe, ao contrário da governadora de Tóquio, Yuriko Koike, cujo novo partido venceu nas eleições regionais da capital.

Renho teve que enfrentar numerosas críticas desde antes da sua eleição, pois seu pai nasceu no Taiwan e, mesmo ela tendo nascido no Japão, não adquiriu a nacionalidade até os 17 anos.

A política foi obrigada a reconhece-la, após ter negado no início, que ela possui dupla nacionalidade, algo que não é recomendado pela autoridades japonesas.

Sua saída do cargo acontece no mesmo dia que o governo apresentou a renúncia do chefe das Forças terrestres de Auto Defesa (Exército), general Toshiya Okabe, por conta de um escândalo de ocultação de informações sobre a missão das tropas japonesas no Sudão do Sul, que foi considerado um novo revés para Shinzo Abe.