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Sete jornalistas presos na Turquia recebem liberdade condicional até sentença

28/07/2017 15h25

Istambul, 28 jul (EFE).- O tribunal do Palácio de Justiça de Istambul decidiu nesta sexta-feira manter a prisão preventiva de quatro funcionários e jornalistas do jornal turco "Cumhuriyet" e deixar em liberdade à espera de julgamento outros sete, informou a emissora "NTV".

O editor-chefe do jornal, Murat Sabuncu, e os jornalistas Ahmet Sik, Akin Atalay e Kadri Gürsel, permanecerão em prisão preventiva até a próxima vista, que acontecerá em 11 de setembro.

Os 19 acusados têm penas dentre oito anos e meio e 43 anos, a maioria devido às suas publicações no "Cumhuriyet" e em redes sociais, sob a acusação de "colaborar com organizações terroristas, sem ser membros".

O texto da acusação atribui vínculos dos jornalistas tanto com a guerrilha curda PKK como com grupos ultramarxistas e, sobretudo, com a confraria do clérigo islamita Fethullah Gülen, acusado por Ancara de planejar a fracassada tentativa de golpe de Estado no ano passado.

Durante a quinta sessão do julgamento, na última segunda-feira, a Promotoria pediu a liberdade de cinco dos 11 acusados que estavam em prisão preventiva.

Dez dos acusados estão detidos há mais de oito meses, enquanto outros cinco já estão em liberdade condicional.

O ex-redator-chefe do jornal "Can Düdar" é julgado em ausência por estar exilado na Alemanha.

Os advogados de defesa ressaltaram a contradição que representa acusar de "gülenismo" jornalistas que durante anos foram críticos do movimento "gülenista".

Uma das advogadas apontou que não há motivo para que nenhum dos acusados permaneça em prisão preventiva e pediu a liberdade condicional imediata de todos.

"A acusação não tem nada a ver com a lei. Nem sequer menciona a data dos crimes alegados", declarou.

Dezenas de simpatizantes, além de vários observadores tanto de sindicatos e partidos turcos como de organizações internacionais, se reuniram fora do Palácio da Justiça para pedir a liberdade dos acusados.

"Os nossos companheiros declararam, em nome do jornalismo, da lei e da democracia. Queremos que nossos companheiros sejam libertados desta vergonha o mais rápido possível", declarou a associação de jornalistas G9 em um comunicado.

O jornal "Cumhuriyet", fundado em 1924 e com uma tiragem de 40 mil exemplares, é um dos mais importantes e um dos poucos meios de comunicação independentes que restam no país.