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Hezbollah consolida suas posições nas montanhas recuperadas dos jihadistas

29/07/2017 17h13

Kathy Seleme.

Arsal (Líbano), 29 jul (EFE).- O grupo xiita libanês Hezbollah consolidou suas posições nas zonas que recuperou dos jihadistas da Frente al Nusra nas montanhas de Arsal, na fronteira com a Síria, enquanto segue à espera do resultado das negociações para sua retirada da zona que ainda controlam.

"Toda a zona de Arsal está praticamente livre de terroristas desde que foi declarado o cessar-fogo (na última quinta-feira)", disse à Agência Efe o porta-voz do grupo xiita, Mohamed Afif, durante uma visita guiada de meios de comunicação nacionais e internacionais a algumas das zonas onde aconteceu a batalha.

As milícias do Hezbollah, apoiadas por forças leais ao governo sírio, lançaram uma ofensiva na última sexta-feira para libertar as montanhas de Arsal e os montes de Al Qalamoun, situados na Síria, da presença de "terroristas" do Organismo de Liberdade do Levante, nome que a Frente Al Nusra adotou após se desvincular da Al Qaeda.

Afif apontou que seu grupo entregará ao exército todas as zonas recuperadas "assim que for confirmada a retirada dos terroristas que ainda estão na região", algo que, segundo combatentes do Hezbollah, deve ocorrer nas próximas horas.

Um comandante do grupo, que preferiu não se identificar, disse à Efe que a batalha tinha sido muito difícil e que os extremistas se concentram agora em uma área de entre dois e cinco quilômetros quadrados, ou seja, 5% do território que controlavam antes do início da ofensiva.

O Hezbollah não informou o número de baixas em suas fileiras, mas reconheceu que os franco-atiradores do inimigo dificultaram o seu avanço em algumas ocasiões.

O grupo xiita mostrou a gruta de cerca de 400 metros de profundidade onde manteve durante meses os 16 militares capturados e as celas de dois metros quadrados onde os encarceravam quando supostamente cometiam alguma falta.

Os 16 militares foram tomados como reféns em uma incursão em território libanês em agosto de 2014 e não foram libertados até o dia 1º de dezembro de 2015, em troca de 13 membros detidos no Líbano.

No caminho tortuoso pelo qual avançam os veículos, os restos dos combates são evidentes e do alto das montanhas, algumas de mais de dois mil metros, é possível ver tanto a cidade de Arsal como a vizinha Síria, onde as forças leais a Damasco recuperaram da antiga filial da Al Qaeda toda a zona contígua ao Líbano que estava sob seu controle.

Um miliciano entrevistado pela Efe se mostrou convencido de que os jihadistas não voltarão a invadir o território libanês porque, segundo eles, a fronteira ficou completamente fechada tanto do lado libanês como do sírio.

Além disso, os combatentes do grupo xiita, que opera no país de maneira paralela ao exército e que na Síria luta lado a lado com as forças do presidente, Bashar al Assad, indicaram que conseguiram a vitória apesar das armas que os jihadistas dispunham.

Claramente orgulhosos, os combatentes evitam falar, no entanto, da ameaçadora presença do grupo Estado Islâmico (EI), que ainda controla dentro do Líbano um território maior do que o ocupado anteriormente pelo Organismo de Liberdade do Levante.

No entanto, ainda não está claro se, caso ocorra uma batalha contra o EI, se o Hezbollah tomará a frente ou se, dada a ocasião, será o exército libanês que tomará a iniciativa para tentar expulsar os jihadistas.