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Supremo venezuelano ordena prisão de deputado casado com ex-procuradora-geral

17/08/2017 02h11

Caracas, 16 ago (EFE).- O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) ordenou nesta quarta-feira a detenção do deputado Germán Ferrer, marido da ex-procuradora-geral Luisa Ortega, depois que o mesmo foi acusado pelo Ministério Público de fazer parte de um esquema para extorquir empresários.

"Em conformidade com o disposto no artigo 116 da Lei Orgânica do Tribunal Supremo de Justiça, declara-se procedente a detenção do cidadão Deputado Germán Darío Ferrer", diz a sentença do TSJ, que aceitou o pedido de prisão feito pelo novo procurador-geral, Tarek Saab.

O tribunal decidiu que Ferrer não terá direito ao "antejulgamento de mérito" que deve preceder a abertura de processos contra integrantes de altos cargos, pois trata-se de um caso de "crime flagrante", o que permite à Justiça pular este passo, no qual são avaliados os motivos para indiciar essas figuras públicas.

O MP diz ter em seu poder "documentos originais" assinados por Ferrer e outros acusados que comprovariam a abertura de várias contas nas Bahamas, onde teriam sido depositados até US$ 6 milhões.

Ferrer é um dos ex-deputados do governista Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) que romperam com o presidente Nicolás Maduro e montaram um grupo parlamentar próprio na Câmara.

Sua esposa Luisa Ortega se rebelou há meses contra o governo e o TSJ, uma entidade que ela acusou de ajudar o Executivo, e foi destituída de seu cargo em 5 de agosto pela recém-instalada Assembleia Nacional Constituinte, criada pelo chavismo para "refundar" o Estado e "limpar" as instituições.

A residência de Ferrer e Ortega foi alvo de diligências nesta quarta-feira por parte de agentes do serviço de inteligência (Sebin), que levaram computadores e outros materiais do local.

A acusação do MP se baseia em uma denúncia do deputado governista Diosdado Cabello, que acusou Ferrer e o antigo procurador anticorrupção Pedro Lupera de solicitarem grandes quantidades de dinheiro em dólares em troca da retirada de ações penais contra os extorquidos.

Empresários que trabalhavam na faixa petrolífera do Orinoco - onde se encontram as maiores reservas de petróleo da Venezuela - alertaram que estavam sendo vítimas destas práticas, segundo disseram Cabello e Saab.

Durante o mandado de Ortega, o MP acusou vários dirigentes de uma empresa petrolífera com participação do Estado venezuelano, depois que encontrou indícios de que os mesmos aumentaram artificialmente os preços na hora de encomendar a compra de produtos para a companhia.