"Rocket" Madsen, de admirado inventor a protagonista de macabro drama nórdico
Anxo Lamela.
Copenhague, 25 ago (EFE).- Peter Madsen, suspeito de matar a jornalista sueca Kim Wall no seu submarino e esquartejá-la antes de jogar seu corpo ao mar, deixou em alguns dias de ser o inventor mais admirado na Dinamarca para se tornar protagonista do maior caso criminoso no seu país em décadas.
A história do homem apaixonado pelo espaço desde menino, capaz de projetar submarinos e impulsionar um projeto espacial, apesar de não ter estudos superiores nem fortuna, cativou centenas de entusiastas dentro e fora do seu país, bem como a imprensa dinamarquesa, que passaram a chamá-lo de "Rocket" Madsen.
Mas a imagem do popular inventor dinamarquês, que em alguns dias deveria realizar um novo lançamento experimental de um foguete no mar Báltico, sofreu uma deterioração irreparável em duas semanas, depois do desaparecimento de Wall, até que na última quarta-feira se confirmou que a parte de um corpo encontrado em uma praia é o seu.
Wall foi vista pela última vez no dia 10 de agosto a bordo do UC3 Nautilus - um submarino de quase 18 metros de comprimento e 40 toneladas criado por Madsen -, em que ia entrevistar o inventor, mas nunca voltou a terra, fazendo com que seu namorado denunciasse seu desaparecimento.
Madsen, de 46 anos, reapareceu 12 horas depois na baía de Koge (sul de Copenhague), onde foi resgatado por marinheiros depois que seu submarino afundou, de forma intencional, segundo revelou a investigação. Depois, em terra firme, disse ter desembarcado Wall durante a noite e se mostrou abatido pelo ocorrido com o submarino.
O inventor mudou mais tarde seu depoimento e assegurou que Wall morreu em um acidente, segundo se soube depois que o tribunal cancelou o segredo do processo, o que acarretou sua prisão preventiva por homicídio involuntário com circunstâncias agravantes.
Os eventos se desenrolaram esta semana com a descoberta do tronco do corpo de Wall, sem extremidades nem cabeça, que, além disso, foi cortado deliberadamente, e a posterior confirmação dos testes de DNA, um fato que o acusado recebeu com "alívio", segundo sua advogada, que mantém a versão que tudo aconteceu de forma acidental.
Mas a procuraodia anunciou nesta quinta-feira que quer mudar as acusações e que na próxima audiência, em menos de duas semanas, o acusará de homicídio e pedirá, além disso, que seja feito nele um exame mental.
"Estou perturbado, palavras como incompreensível e surreal quase não conseguem descrever o horror que sinto", declarou ao canal "TV2" Christoffer Meyer, amigo pessoal e colaborador de Madsen, resumindo o sentimento que seus conhecidos expressaram à imprensa.
Madsen, que fez cursos de solda e nunca acabou os estudos de engenharia, construiu seu primeiro veículo submersível em 2002 e ganhou admiração seis anos depois com o lançamento do Nautilus, considerado então o maior submarino amador do mundo.
Nesse mesmo ano fundou com o arquiteto Kristian Bengtson a Copenhagen Suborbitals, cujo objetivo declarado era enviar aeronaves para um só passageiro ao espaço no futuro, com Madsen a bordo.
O lançamento com sucesso de um foguete experimental em junho de 2011 a partir de uma plataforma flutuante no mar Báltico, um ano depois de fracassar em sua primeira tentativa, gerou atenção mundial, mas desavenças internas provocaram mais tarde sua saída do projeto e a criação de outro paralelo para seguir em frente com seu sonho.
O homem "sem botão de stop" - como foi chamado pelo seu biógrafo, o jornalista Thomas Djursing - foi descrito como uma pessoa ambiciosa, com uma paixão tão desmedida por seus projetos que lhe custou muitas amizades, ainda que tenha atraído ao mesmo tempo admiradores e mecenas que financiaram seus planos.
"Quando construí o Nautilus, dormia nele porque não tinha outro lugar para viver. Quando construí o meu segundo submarino, vivia sob a escrivaninha da minha oficina. É um compromisso total", disse há alguns anos o inventor, reiterando que "todo mundo pode, se quiser".
O estupor em torno de Madsen e o caso se alimenta também pelas várias dúvidas que ainda existem sobre a morte de Wall e os motivos do inventor, que um dia antes do fato tinha adiado o lançamento experimental de um foguete.
As imprensas dinamarquesa e sueca especulam sobre um motivo sexual ou se Wall - uma jornalista de 30 anos com uma promissora carreira internacional - tinha descoberto algo comprometedor para Madsen.
"Recebemos com consternação e tristeza infinita a mensagem que a nossa filha e irmã Kim Wall foi achada. Não podemos assimilar ainda a magnitude da catástrofe e ainda restam muitas perguntas a serem respondidas", escreveu sua mãe, Ingrid Wall, no Facebook.
Copenhague, 25 ago (EFE).- Peter Madsen, suspeito de matar a jornalista sueca Kim Wall no seu submarino e esquartejá-la antes de jogar seu corpo ao mar, deixou em alguns dias de ser o inventor mais admirado na Dinamarca para se tornar protagonista do maior caso criminoso no seu país em décadas.
A história do homem apaixonado pelo espaço desde menino, capaz de projetar submarinos e impulsionar um projeto espacial, apesar de não ter estudos superiores nem fortuna, cativou centenas de entusiastas dentro e fora do seu país, bem como a imprensa dinamarquesa, que passaram a chamá-lo de "Rocket" Madsen.
Mas a imagem do popular inventor dinamarquês, que em alguns dias deveria realizar um novo lançamento experimental de um foguete no mar Báltico, sofreu uma deterioração irreparável em duas semanas, depois do desaparecimento de Wall, até que na última quarta-feira se confirmou que a parte de um corpo encontrado em uma praia é o seu.
Wall foi vista pela última vez no dia 10 de agosto a bordo do UC3 Nautilus - um submarino de quase 18 metros de comprimento e 40 toneladas criado por Madsen -, em que ia entrevistar o inventor, mas nunca voltou a terra, fazendo com que seu namorado denunciasse seu desaparecimento.
Madsen, de 46 anos, reapareceu 12 horas depois na baía de Koge (sul de Copenhague), onde foi resgatado por marinheiros depois que seu submarino afundou, de forma intencional, segundo revelou a investigação. Depois, em terra firme, disse ter desembarcado Wall durante a noite e se mostrou abatido pelo ocorrido com o submarino.
O inventor mudou mais tarde seu depoimento e assegurou que Wall morreu em um acidente, segundo se soube depois que o tribunal cancelou o segredo do processo, o que acarretou sua prisão preventiva por homicídio involuntário com circunstâncias agravantes.
Os eventos se desenrolaram esta semana com a descoberta do tronco do corpo de Wall, sem extremidades nem cabeça, que, além disso, foi cortado deliberadamente, e a posterior confirmação dos testes de DNA, um fato que o acusado recebeu com "alívio", segundo sua advogada, que mantém a versão que tudo aconteceu de forma acidental.
Mas a procuraodia anunciou nesta quinta-feira que quer mudar as acusações e que na próxima audiência, em menos de duas semanas, o acusará de homicídio e pedirá, além disso, que seja feito nele um exame mental.
"Estou perturbado, palavras como incompreensível e surreal quase não conseguem descrever o horror que sinto", declarou ao canal "TV2" Christoffer Meyer, amigo pessoal e colaborador de Madsen, resumindo o sentimento que seus conhecidos expressaram à imprensa.
Madsen, que fez cursos de solda e nunca acabou os estudos de engenharia, construiu seu primeiro veículo submersível em 2002 e ganhou admiração seis anos depois com o lançamento do Nautilus, considerado então o maior submarino amador do mundo.
Nesse mesmo ano fundou com o arquiteto Kristian Bengtson a Copenhagen Suborbitals, cujo objetivo declarado era enviar aeronaves para um só passageiro ao espaço no futuro, com Madsen a bordo.
O lançamento com sucesso de um foguete experimental em junho de 2011 a partir de uma plataforma flutuante no mar Báltico, um ano depois de fracassar em sua primeira tentativa, gerou atenção mundial, mas desavenças internas provocaram mais tarde sua saída do projeto e a criação de outro paralelo para seguir em frente com seu sonho.
O homem "sem botão de stop" - como foi chamado pelo seu biógrafo, o jornalista Thomas Djursing - foi descrito como uma pessoa ambiciosa, com uma paixão tão desmedida por seus projetos que lhe custou muitas amizades, ainda que tenha atraído ao mesmo tempo admiradores e mecenas que financiaram seus planos.
"Quando construí o Nautilus, dormia nele porque não tinha outro lugar para viver. Quando construí o meu segundo submarino, vivia sob a escrivaninha da minha oficina. É um compromisso total", disse há alguns anos o inventor, reiterando que "todo mundo pode, se quiser".
O estupor em torno de Madsen e o caso se alimenta também pelas várias dúvidas que ainda existem sobre a morte de Wall e os motivos do inventor, que um dia antes do fato tinha adiado o lançamento experimental de um foguete.
As imprensas dinamarquesa e sueca especulam sobre um motivo sexual ou se Wall - uma jornalista de 30 anos com uma promissora carreira internacional - tinha descoberto algo comprometedor para Madsen.
"Recebemos com consternação e tristeza infinita a mensagem que a nossa filha e irmã Kim Wall foi achada. Não podemos assimilar ainda a magnitude da catástrofe e ainda restam muitas perguntas a serem respondidas", escreveu sua mãe, Ingrid Wall, no Facebook.
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