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Protesto reúne 2.000 manifestantes contra lei que perdoa corruptos na Tunísia

Hassene Dridi/AP Photo
Imagem: Hassene Dridi/AP Photo

16/09/2017 16h08

Túnis, 16 set (EFE).- Cerca de 2.000 tunisianos protestaram no centro de Túnis neste sábado (16) contra uma lei aprovada pelo Parlamento na quarta-feira que propõe uma anistia aos corruptos da ditadura de Zine El Abidine Ben Ali, que renunciou em 2011.

Aos gritos de "Manich Masameh ("Eu não perdoo") e em ambiente muito festivo, os manifestantes caminharam pela avenida Habib Bourguiba, núcleo das manifestações que em 2011 deram fim à autocracia e geraram um movimento de protesto regional conhecido como a "Primavera Árabe".

"Estamos aqui para protestar contra a aprovação da lei de anistia econômica. Somos contra e há dois anos lutamos contra ela. Estamos aqui para fazer pressão e dizer que esta lei não passará, que é inconstitucional, e com a ajuda da oposição e dos deputados preparamos um recurso para apresentar ao Conselho Constitucional", explicou Laila El Liehi, uma das manifestantes.

A lei chamada "Reconciliação Financeira" foi aprovada com o apoio do partido governante, Nidaa Tounes, do presidente do país, Beji Caid Essebsi, que liderou o Parlamento nos tempos de Ben Ali, e com o respaldo dos islamitas do partido Ennahda, perseguido pelo ditador, principal força da Assembleia e base do atual governo.

A oposição progressista se ausentou ao final da sessão e se somou às centenas de pessoas que se concentraram no exterior da sede do Parlamento para denunciar "a lavagem da corrupção".

"Lançamos a campanha 'Menich Mesamah', que quer dizer 'não perdoo, não reconcilio' porque acreditamos que não se pode construir uma democracia de verdade se não há uma estratégia nacional que lute contra a corrupção", explicou Ramy al Shimi, um dos organizadores.

À frente da manifestação também estavam os partidos de esquerda, em particular a Frente Popular e Corrente Democrática, cujos deputados boicotaram a votação no Parlamento.

Além disso, centenas de jovens, estudantes, sindicalistas e líderes desses partidos políticos entoaram gritos contra o presidente tunisiano e os partidos que apoiam a medida.

A aplicação da anistia permitirá perdoar cerca de dois mil funcionários do governo envolvidos em casos de corrupção durante o regime ditatorial deposto.

A controversa lei afeta os funcionários "que tiveram de aceitar ordens de líderes corruptos" mas não enriqueceram e os que lucraram, desde que devolvam o dinheiro e paguem uma multa.