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Merkel se aproxima da quarta vitória nas eleições legislativas alemãs

22/09/2017 21h24

Noelia López.

Berlim, 22 set (EFE).- A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, está cada vez mais próxima de sua quarta vitória eleitoral, enquanto seu principal oponente no próximo domingo, o social-democrata Martin Schulz, tenta dar um perfil próprio ao seu partido, que nos últimos quatro anos integrou a grande coalizão de governo.

As últimas pesquisas preveem entre 36% e 37% de votos para a aliança conservadora formada pela União Democrata-Cristã (CDU), de Merkel, e a União Social-Cristã (CSU) da Baviera, abaixo dos resultados de 2013, mas entre 13 e 17 pontos percentuais à frente do Partido Social Democrata (SPD).

A disputa real está pelo terceiro lugar, pelo qual brigam o Partido Liberal, que não conseguiu superar a cláusula de barreira de 5% de votos em 2013; a Alternativa para a Alemanha (AfD), que pretende ser o primeiro partido de ultradireita da história a entrar no Bundestag (câmara baixa do Parlamento); e as legendas A Esquerda e Os Verdes.

Os 12 anos à frente do governo e uma legislatura marcada pela crise dos refugiados, com a chegada de cerca de 1,3 milhão de solicitantes de asilo ao país, parecem não ter abalado o poder de Merkel, que continua liderando as pesquisas.

O mandato prestes a terminar ficará marcado por leis como as que introduziram o salário mínimo interprofissional e a diminuição da idade de aposentadoria para determinadas categorias, propostas social-democratas que Merkel assumiu sem complexos e que podem inclusive lhe valer pontos em detrimento do SPD.

Na última sessão com projetos legislativos na ordem do dia, a chanceler votou "não" ao casamento homossexual defendido pelos social-democratas, mas pouco depois, com a lei aprovada, afirmou se sentir satisfeita com a nova situação.

"A corrida está encerrada", garantiu Oskar Niedermayer, especialista do Instituto Otto Suhr para a Ciência Política, que destaca a dificuldade do SPD para encontrar um tema com o qual se diferenciar.

Após quatro anos coligados com os conservadores, o partido não consegue mostrar "uma oferta de grande transformação", acrescentou Giacomo Corneo, professor de Finanças Públicas e Políticas Social na Universidade Livre de Berlim.

Os social-democratas se juntaram em 2013 à grande coalizão com pleno conhecimento de que a experiência anterior nesse sentido, no primeiro mandato de Merkel, os levaram aos piores resultados de sua história, fantasma contra o qual Schulz luta agora.

Em uma aposta arriscada, no início do ano o SPD nomeou Schulz candidato e líder de sua bancada, quando era um personagem pouco conhecido na política nacional após mais de duas décadas no Parlamento Europeu.

Os novos ares impulsionaram o partido nas pesquisas durante algumas semanas, e inclusive o colocaram na frente dos conservadores, mas o chamado "efeito Schulz" perdeu força com o passar do tempo.

Analistas políticos locais alertaram que as pesquisas são estudos de tendências políticas e nenhum prognóstico, mas assinalam também que é muito pouco provável que um partido duplique ou rebaixe à metade suas atuais porcentagens.

Uma das perguntas fundamentais é em que medida os grandes partidos mobilizarão seus simpatizantes e a margem de ação deixada pelos partidos pequenos, que tradicionalmente ganham peso após uma grande coalizão.

Todos os olhares estão voltados para o AfD, que ficou prestes a entrar no Parlamento há quatro anos com um programa eurofóbico e que colheu consecutivos sucessos em eleições regionais, sustentado em um discurso xenófobo em relação à crise dos refugiados.

As últimas pesquisas indicam que, no domingo, o partido ficará com entre 9% e 12% dos votos. Logo a seguir aparece o Partido Liberal, que saíram do parlamento há quatro anos, engolido também por Merkel, com quem se aliou na sua segunda legislatura.

Tradicional partido "indeciso", parceiro menor de coalizões de governo tanto de direita como de esquerda, o Liberal espera governar de novo com Merkel, que só fecha a porta à ultradireita e à esquerda radical na hora de buscar aliados para uma nova gestão.

A Esquerda, partido formado por pós-comunistas e dissidentes social-democratas, nunca fez parte de um governo federal, mas Schulz evitou demonizá-lo em campanha como se juntos, unidos aos Verdes, pudessem formar um governo tripartite inédito em nível nacional.

A probabilidade é baixa, segundo as pesquisas, que apontam para A Esquerda entre 8% e 10% dos votos, enquanto os ecopacifistas aparecem com 8%.