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Parlamento turco renova permissão de intervenção no Curdistão iraquiano

23/09/2017 16h20

Istambul, 23 set (EFE).- O Parlamento da Turquia renovou neste sábado em uma sessão extraordinária a moção que permite ao Exército intervir no Iraque e na Síria para proteger as integridades territoriais destes países, em um claro gesto de advertência ao governo do Curdistão iraquiano, que convocou um referendo de independência para a próxima segunda-feira.

Três dos quatro partidos presentes na reunião referendaram a moção, que renova com algumas semanas de antecedência uma permissão anual que desde 2012 dá carta branca ao governo para enviar tropas aos países vizinhos. A reunião do Conselho Nacional de Segurança terminou ontem com um comunicado que considera a realização desse referendo uma "ameaça à segurança nacional" e assegura que a Turquia se baseará em "tratados internacionais e bilaterais" para garantir as integridades territoriais do seu vizinho.

O ministro de Defesa turco, Nurettin Çanikli, apresentou a moção alegando que existe "um projeto de organizações terroristas" para "criar novos miniestados cada vez menores, fracos, incapazes e sempre enfrentado uns aos outros". Ele insistiu que uma independência do Curdistão iraquiano seria bom para o PYD, partido que controla uma grande parte do território da Síria, e que o Executivo em Ancara considera próximo ao Partido dos Trabalhadores de Curdistão (PKK), a guerrilha curda da Turquia.

Öztürk Yilmaz, vice-presidente do Partido Republicano do Povo, o maior da oposição, apoiou a moção por considerar o referendo inconstitucional e uma afronta aos povos que vivem no mesmo território e afirmou que existe corrupção na gestão de Massoud Barzani, presidente do Curdistão iraquiano.

Osman Baydemir, deputado do Partido Democrático dos Povos (HDP), por sua vez, denunciou a moção como "um ato hostil contra o povo curdo".

O Exército informou que continua com as manobras iniciadas na segunda-feira no distrito de Silopi, muito perto da fronteira com o Iraque, e está elaborando a "segunda fase", com o desdobramento de unidades extras.

Nos últimos dias, importantes políticos turcos pediram a Barzani, até agora aliado, para suspender o referendo "enquanto é tempo", já que consideram que isso poderia desestabilizar a região.

Atualmente, cerca de 15 milhões de curdos vivem na Turquia, o que representa 20% da população do país, e o HDP exige uma maior autonomia administrativa.