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Bangladesh bloqueia quase 15 mil rohingyas na fronteira com Mianmar

17/10/2017 13h48

Daca, 17 out (EFE).- De 10 mil a 15 mil refugiados rohingyas permanecem bloqueados nesta terça-feira entre as fronteiras de Mianmar e Bangladesh, diante da negativa que eles receberam para entrar das autoridades desse último país.

O comandante da Guarda da Fronteira de Bangladesh (BGB) em Ukhia, Iqbal Ahmed, disse à Agência Efe que os soldados estão impedindo o acesso dos refugiados porque, segundo ele, não existe espaço suficiente no acampamento improvisado de Cox's Bazar, no sudeste do país.

"Os rohingyas que ainda não foram realojados estão sendo enviados aos acampamentos improvisados e este grupo ainda está na lista de espera. Se deixamos que entrem e começam a morar na beira da estrada vão arruinar tudo", afirmou.

Conforme o último relatório sobre a situação feito pelo Grupo de Coordenação Intersetorial da Organização das Nações Unidas (ISCG) e divulgado nesta terça-feira, "entre 10 mil e 15 mil pessoas estão abandonadas agora na fronteira próxima a Palong Khali (no sul do país) e não podem entrar em Bangladesh" desde domingo.

"Por enquanto, este grupo de pessoas permanece entre campos de arroz e a quantidade de água e comida que eles têm é limitada", acrescentou o relatório.

O comandante da BGB explicou que a ideia é manter o grupo na fronteira por no máximo quatro dias, mas ressaltou que nesse período todos receberão alimentos, água e assistência médica.

O porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) em Bangladesh, Joseph Tripura, confirmou à Efe que a agência forneceu ajuda aos rohingyas bloqueados, assim como o Crescente Vermelho, a Action Against Hunger e Médicos sem Fronteiras.

"Comunicamos a nossa inquietação às autoridades e pedimos que deixem que estas pessoas cheguem a um lugar seguro", precisou Tripura.

Hoje, a ONU elevou a 582 mil o número de rohingyas que chegaram a Bangladesh fugindo da violência em Mianmar, 45 mil a mais do que no relatório de segunda-feira passada. Este aumento, conforme o reporte de hoje, se deve não a novas chegadas, mas a "a algumas avaliações mais confiáveis feitas nos acampamentos e comunidades locais".

A crise dos rohingyas começou em 25 de agosto, após um ataque de um grupo insurgente desta comunidade muçulmana contra instalações policiais e militares no estado de Rakhine, uma ação que foi respondida pelo Exército com uma campanha que ainda continua.

Mianmar não reconhece os rohingyas como uma comunidade de seu país e os considera de Bangladesh. Bangladesh, por sua vez, sempre os tratou como cidadãos estrangeiros.