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Governo uruguaio autoriza venda de maconha medicinal em farmácias

19/10/2017 20h06

Montevidéu, 19 out (EFE).- O governo uruguaio autorizou por decreto a venda de produtos elaborados a base da planta da maconha para uso medicinal, que poderão ser comercializados nas farmácias do país.

O decreto, aprovado no dia 16 de outubro, autoriza a venda sob receita profissional de "especialidades farmacêuticas com cannabidiol como princípio ativo, elaboradas a partir de extratos de cannabis não psicoativos".

O nível de tetraidrocanabinol (THC), componente psicoativo da planta, não poderá superar o 1% para este tipo de produto, segundo a resolução do governo uruguaio, assinada pelo presidente, Tabaré Vázquez.

Atualmente, as pessoas que querem ter acesso a produtos medicinais elaborados a base de cannabis devem obter uma habilitação especial do Ministério de Saúde Pública (MSP) e importar do exterior.

No entanto, duas empresas uruguaias foram autorizadas recentemente a produzir maconha de uso medicinal, mas a colheita das plantações ainda não foi concluída. A expectativa é que os produtos finais estejam disponíveis para os consumidores em 2018.

"Temos muita esperança de que logo teremos uma produção nacional. Não necessariamente como produtos farmacêuticos ou como medicamentos, mas como suplementos alimentícios ou fitoterápicos", explicou nesta quinta-feira em coletiva de imprensa o ministro de Saúde uruguaio, Jorge Basso.

Na opinião de Basso, existem "muitas alternativas" para este tipo de produtos, desde que não contenham efeitos psicoativos. Com este decreto e os produtos disponíveis, os médicos poderão receitar, sem a necessidade de uma receita especial como as dos psicofármacos, elaborações à base de cannabis.

"Essa é a ideia. Facilitar o acesso a todos os produtos sem a necessidade de uma receita especial", acrescentou Basso, para quem o principal desafio para o país é "contar com os produtos a nível nacional".

"Esperamos muito que as empresas que anunciaram investimentos e já estão fazendo plantações possam logo estar no mercado oferecendo produtos nacionais", ressaltou.

Questionado sobre a data em que os produtos de uso medicinal estarão disponíveis ao público, Basso explicou que dependerá dos prazos determinados pelas empresas que anunciaram os investimentos.

Uruguai aprovou em dezembro de 2013, ainda sob o governo de José Mujica, a lei que regulamentou a produção e comercialização da maconha de uso recreativo, que atualmente pode ser conseguida por três caminhos: o cultivo doméstico, os clubes que produzem maconha e a compra em farmácias.