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UE começa a preparar negociação sobre futura relação com Reino Unido

20/10/2017 13h35

Bruxelas, 20 out (EFE).- Os líderes da União Europeia (UE) chegaram a um acordo nesta sexta-feira para iniciar os trabalhos de preparação para as negociações sobre a relação com Reino Unido após o "Brexit", o que permite que a primeira-ministra britânica, Theresa May, volte a seu país com uma mensagem de "otimismo".

"Ainda que o progresso não seja suficiente, isto não significa que não há nenhum progresso. O Conselho decidiu iniciar a preparação interna para a discussão sobre o marco da futura relação e os acordos transitórios", disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em uma entrevista coletiva ao término da cúpula de chefes de Estado e de governo da UE realizada entre ontem e hoje.

Os líderes europeus se reuniram hoje, sem a presença do Reino Unido, para aprovar suas conclusões sobre o estado das negociações para o "Brexit", após terem apreciado ontem a posição britânica exposta por May, que hoje se reuniu em particular com Tusk.

Os chefes de Estado e de governo dos 27 países do bloco constataram que não houve avanços suficientes em pontos prioritários da primeira fase de negociação - a dedicada a fechar um acordo de saída - para avançar à segunda etapa, crucial para Londres, na qual se definirá a futura relação.

No entanto, eles quiseram mandar uma mensagem "positiva", ao enfatizarem os progressos alcançados até agora e ao iniciarem os trabalhos de preparação para a segunda fase das negociações.

"O meu sentimento depois de reunir-me com a primeira-ministra May é que ambos os lados apresentam boa vontade", disse o presidente do Conselho Europeu, que insistiu em que os 27 apoiarão as negociações de forma "positiva e construtiva".

Já o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, indicou que é possível falar que as negociações estão em "ponto morto" e criticou o governo de May por apresentar a perspectiva de concluir as negociações sem acordo.

"Enquanto no Reino Unido alguns defendem a causa do não 'acordo', ninguém explica em detalhe o que isto quer dizer", disse Juncker, que insistiu que a Comissão "faz o possível para chegar a um compromisso correto, equilibrado e justo" com Londres.

A mensagem dos líderes permitiu que May se dissesse "otimista" por ter conseguido fazer com que os trabalhos preparatórios se iniciem e pelas possibilidades de obter uma "associação especial" com a UE, algo crucial para a governante britânica em um momento no qual sofre grande pressão interna por parte dos eurocéticos.

"Nós europeus compartilhamos os mesmos valores, mas também desafios comuns, como a segurança, a defesa e a imigração, sobre os quais teremos que continuar trabalhando lado a lado", disse May, dando algumas pistas sobre os caminhos que tomarão uma futura associação, além do livre comércio com a UE.

Apesar das demonstrações de boa vontade de ambos os lados, continua sem solução o empecilho envolvendo o pagamento da conta do "divórcio", o ponto mais conflituoso dos três considerados prioritários para fechar com sucesso a primeira fase de negociação. Os outros dois são os direitos dos cidadãos e a situação da Irlanda do Norte.

Os 27 pedem a May que concretize em uma proposta o compromisso de respeitar suas obrigações financeiras após a saída da UE, mas Londres insiste que a fatura fará parte do acordo sobre a futura relação.

O presidente francês, Emmanuel Macron, assegurou que, para que haja progresso na negociação, falta o Reino Unido fazer "um esforço financeiro importante" e, apesar de ter reconhecido os "gestos de abertura" de May nas últimas semanas, lembrou que "há muito trabalho a fazer" para avançar à segunda etapa.

A chanceler alemã, Angela Merkel, disse que, para que as negociações avancem para a segunda fase em dezembro, são necessários progressos do Reino Unido e lembrou que os direitos dos cidadãos e a situação na Irlanda do Norte continuam sobre a mesa.

No entanto, o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, acredita que, até dezembro, haverá progresso suficiente e considerou que, para isso, não é imprescindível fechar acordos sobre as três prioridades.