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Com Shinzo Abe favorito, candidatos fazem último dia de campanha no Japão

21/10/2017 11h16

Ramón Abarca.

Tóquio, 21 out (EFE).- O Japão viveu neste sábado o último dia de campanha para as eleições convocadas antecipadamente pelo primeiro-ministro do país, Shinzo Abe, claro favorito, em um pleito que pode ser atrapalhado pela chegada do tufão Lan.

As principais lideranças políticas realizaram hoje os últimos atos de uma campanha que começou no último dia 10 de outubro, após a convocação destas eleições com antecipação de um ano.

Líder do conservador Partido Liberal Democrata (PLD), que está no poder desde 1955 quase de maneira ininterrupta, Abe realizou diversos eventos em cidades de três províncias diferentes.

No bairro de Akihabara, em Tóquio, epicentro da tecnologia e dos mangás, o primeiro-ministro reuniu cerca de mil pessoas sob uma persistente chuva e reforçou a necessidade de que elas apostem na estabilidade e na força de seu governo.

"Não podemos permitir que a Coreia do Norte nos vença", disse Abe em discurso, lembrando a crise dos mísseis com o regime de Kim Jong-un, um dos principais eixos de sua campanha à reeleição.

"Votarei nele por causa de sua política externa. Graças a Abe e à nossa forte aliança com os Estados Unidos, o Japão voltou a ter um papel importante em nível internacional", afirmou à Agência Efe um homem de 33 anos, que preferiu não se identificar.

Já uma estudante universitária, de 23 anos, explicou que apoiará o PLD por causa da boa situação do mercado de trabalho do país, onde a taxa de desemprego está em 3%, um mínimo histórico.

Mas havia também opositores do primeiro-ministro no evento. Em contraponto às bandeiras do Japão balançadas em apoio a Abe, manifestantes levavam cartazes contra o líder conservador, chamando-o de "sem-vergonha" e pedindo sua renúncia.

Apesar da queda de sua popularidade, Abe não deve ter dificuldade para se reeleger pela terceira vez em cinco anos. Segundo as pesquisas, o PLD conseguirá ampliar a maioria já contundente no parlamento, onde tem atualmente 291 das 475 cadeiras em disputa.

Abe anunciou a dissolução do parlamento e a realização das eleições antecipadas no fim de setembro. O argumento para justificar a medida é fortalecer o governo para enfrentar a Coreia do Norte e para manter as políticas econômicas implantadas por ele, conhecidas no Japão como "Abenomics".

Os analistas afirmam que o primeiro-ministro quis, na verdade, aproveitar a fragilidade da oposição e uma ligeira alta em sua abalada popularidade graças à ameaça nuclear norte-coreana para estender um mandato que seria concluído no fim de 2018.

A desintegração durante o início da campanha do Partido Democrático (PD), até então a segunda força política do país, mudou o panorama eleitoral do Japão. Duas novas legendas, criadas às pressas há apenas três semanas, lutam para comandar a oposição.

O Partido da Esperança, que conta a popularidade de sua líder e criadora, a governadora de Tóquio, Yuriko Koike, quer se eleger com uma mensagem de superar as disputas políticas do país.

Já o Partido Constitucional Democrático do Japão, liderado por Yukio Edano e que reúne o grupo mais liberal do antigo PD, se opõe frontalmente à reforma da Constituição pacifista do país, uma das principais propostas de Abe.

"As pesquisas mostram que o PLD continuará no poder apesar de Abe. Ele está se beneficiando da falta de uma alternativa plausível. Metade de seus eleitores reconhecem que o apoia não porque o admiram, mas porque não há alternativa", explicou o diretor de Estudos Asiáticos da Universidade Temple do Japão, Jeff Kingston.

O especialista afirmou, além disso, que a recente crise dos mísseis com a Coreia do Norte ressuscitou o primeiro-ministro, que viu sua popularidade cair de 60% para 26% após várias acusações de estar concedendo benefícios públicos a amigos.

A chegada do tufão Lan, que deve atingir as principais ilhas do Japão amanhã, pode atrapalhar o desenvolvimento das eleições e afetar a participação, que chegou ao mínimo histórico em 2014, de apenas 52%.

Várias regiões do sul do Japão já foram às urnas hoje para que as cédulas de votação possam ser levadas de barco até os centros de apuração antes da chegada do tufão.