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Argentina referenda gestão de Macri com apoio nas eleições legislativas

23/10/2017 04h05

Rodrigo García.

Buenos Aires, 22 out (EFE).- O presidente da Argentina, Mauricio Macri, obteve nas eleições legislativas realizadas neste domingo um forte apoio a sua gestão, com a frente governante "Cambiemos" a força que recebeu, segundo a apuração provisória, maior número de votos nos mais importantes distritos do país.

Se a contagem for ratificada, se confirmará uma forte queda do peronismo e a ascensão do bloco conservador que levou Macri ao poder em dezembro de 2015, que se consolidará a partir do próximo dia 10 de dezembro como maior força da Câmara de Deputados, com 107 cadeiras das 257 totais, 21 a mais em relação a agora, segundo os primeiros dados.

Além disso, ainda que em nenhuma das Câmaras o oficialismo terá maioria absoluta, no Senado também aumentará sua presença com nove cadeiras a mais, e chegará a ter 24 das 72.

"Confirmamos o nosso compromisso sério e profundo com a mudança", expressou Macri perante centenas de correligionários no quartel-general governista em Buenos Aires, após saber que o "Cambiemos" estava em primeiro não só na cobiçada província de Buenos Aires - distrito mais populoso do país -, mas também em regiões como Córdoba, Santa Fé, Mendoza, Salta e também na capital federal.

Justamente esta última representa o mais forte triunfo do macrismo, cuja primeira candidata a deputada, Elisa 'Lilita' Carrió, arrasou nas urnas ao levar 50,93% dos votos.

Se por um lado se confirmar o referendo ao Executivo - que nos seus dois anos de mandato resistiu a fortes críticas opositoras a sua política econômica e várias manifestações de rua contra si -, o peronismo, que se apresentou fortemente dividido para as eleições, registrou uma notável queda de poder.

Ainda que em províncias até agora celeiro de votos da histórica força, como Santa Cruz - berço do peronismo kirchnerista - e La Rioja, o "Cambiemos" obteve uma importante vitória.

Assim, na sua vertente kirchnerista, a lista que liderava a ex-presidenta Cristina Kirchner, candidata ao Senado pela província bonaerense, finalmente não conseguiu superar a do candidato do "Cambiemos", o ex-ministro de Educação Esteban Bullrich, ainda que os números assegurem à viúva do ex-presidente Néstor Kirchner uma bancada na Câmara Alta.

Em seu discurso após após saber os resultados da apuração, a ex-chefe do Estado, cujos privilégios parlamentares lhe permitirão se blindar das várias causas judiciais que a atingem, qualificou a força que lidera, a Unidad Ciudadana, como "a oposição mais firme" ao Governo de Macri, que definiu como "a maior e inédita concentração de poder da que se tem memória desde a restauração democrática".

Cerca de 33,1 milhões de argentinos estavam habilitados para votar nestas eleições legislativas, as primeiras de Macri na Presidência, razão pelas quais se tinham transformado em um tipo de plebiscito de seus quase dois anos de Governo.

Nas eleições foram escolhidos em todos os distritos 127 deputados nacionais - a metade da Câmara - para o período 2017-2021, bem como 24 senadores - um terço do total de bancadas -, representantes de oito das províncias, para os próximos seis anos.

Além disso, em diversas regiões foram escolhidos novos membros para suas Câmaras parlamentares.

"Tudo indica que o Cambiemos fez uma eleição muito boa (...) aqui vão minhas felicitações", disse Florencio Randazzo, principal candidato ao Senado pelo histórico Partido Justicialista (peronista), ao mesmo tempo reconhecendo que o peronismo teve "resultados desfavoráveis", o que o obriga a ter "mais autocrítica".

Quem tampouco foi a primeira opção dos eleitores, neste caso na sua província natal, La Rioja, foi o ex-presidente Carlos Menem (1989-1999), de 87 anos, que apesar de ter ficado abaixo dos candidatos do oficialismo conseguiu renovar sua cadeira no Senado, que ocupa desde 2005.

Na simbólica província de Buenos Aires, onde estavam em jogo três cadeiras para o Senado nacional - dois para a lista mais votada e um para a segunda - "Cambiemos" e Unidad Ciudadana são seguidos em número de votos pela lista da frente de centro-esquerda 1País (11,32%), encabeçada por Sergio Massa, e a do peronista Frente Justicialista (5,31%), com Randazzo em primeiro lugar, que não conseguiram cadeira.

Neste contexto, e com os resultados de hoje, Macri atingiu um lugar perfeito para a corrida à reeleição presidencial: 2019 é a seguinte parada.