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Bangladesh afirma que Mianmar aceitou deter fluxo de rohingyas

24/10/2017 14h59

Daca, 24 out (EFE).- O governo de Bangladesh afirmou nesta terça-feira que Mianmar aceitou deter o êxodo de rohingyas que fogem ao território bengalês, aonde chegaram mais de 600.000 membros desta minoria muçulmana desde o último dia 25 de agosto.

"Mianmar decidiu acabar com o fluxo de cidadãos de Mianmar deslocados e restaurar a normalidade no estado de Rakhine", no oeste desse país, indicou o Ministério de Interior bengalês em um comunicado.

Além disso, as autoridades birmanesas se comprometeram a implementar as recomendações realizadas pela comissão presidida pelo ex-secretário-geral da ONU, Kofi Annan, no final do último mês de agosto para permitir o "retorno sustentável de cidadãos que já entraram em Bangladesh", acrescentou a nota.

A comissão propôs que se aborde os direitos dos rohingyas para resolver a violência sectária no estado birmanês de Rakhine, com medidas como acelerar o processo de verificação da cidadania e considerar a concessão da nacionalidade por naturalização.

O anúncio de hoje acontece durante uma visita a Mianmar do ministro do Interior bengalês, Asaduzzaman Khan.

Já no início deste mês, durante uma viagem a Daca de Kyaw Tint Swe, conselheiro da líder birmanesa Aung San Suu Kyi com categoria de ministro, Bangladesh afirmou que Mianmar tinha apresentado uma proposta para aceitar o retorno dos refugiados rohingyas e que ambos países tinham decidido criar um grupo para coordenar a repatriação.

No seu último relatório da situação, divulgado hoje, o Grupo de Coordenação Intersetorial da ONU cifra em 604.000 o número de rohingyas chegados a Bangladesh nos últimos dois meses.

A crise dos rohingyas começou no último dia 25 de agosto, após um ataque de um grupo insurgente desta comunidade muçulmana contra instalações policiais e militares no estado birmanês de Rakhine, uma ação que foi respondida pelo exército com uma campanha que ainda continua.

Mianmar não reconhece os rohingyas como uma comunidade desse país e os considera bengaleses, enquanto Bangladesh, onde já antes desta crise viviam cerca de 300.000 membros desta minoria, os tratou sempre como estrangeiros.