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Partido de Leopoldo López não concorrerá às eleições municipais na Venezuela

24/10/2017 19h53

Caracas, 24 out (EFE).- O partido do líder opositor venezuelano Leopoldo López, Vontade Popular (VP), anunciou nesta terça-feira que não concorrerá às eleições municipais devido à "fraude" que, segundo ele, foi cometida nas regionais e à imposição de tomar posse perante a Assembleia Nacional Constituinte.

O país votou no dia 15 de outubro para eleger governadores regionais. O chavismo venceu em 18 localidades, contra cinco da oposição, que denunciou graves irregularidades durante o processo e não reconhece os resultados oficiais.

O presidente, Nicolás Maduro, exigiu que todos os governadores eleitos tomem posse perante a Constituinte, um superpoder instaurado pelo oficialismo que nem a oposição nem parte da comunidade internacional reconhecem e à qual quatro dos cinco opositores eleitos foram subordinados na segunda-feira.

"Como ontem terminaram de nos dizer, até se conseguirmos ganhar as municipais, os prefeitos que participarem terão que se ajoelhar perante a Constituinte. Por isso, de antemão, nós informamos que a Vontade Popular não vai participar desse processo", explicou o coordenador nacional do partido, o deputado Freddy Guevara.

As eleições municipais na Venezuela eram esperadas para este ano, mas, a poucos meses para o término de 2017, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) - acusado de agir sob o comando de Maduro - ainda não as convocou.

Segundo Guevara, durante anos a coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), à qual pertence a VP, tentou ganhar eleições apesar dos impedimentos.

"Desde o dia 15 de outubro essa realidade mudou. Desde 15 de outubro a ditadura fechou ao povo a via eleitoral", comentou o deputado opositor.

Guevara considerou "covarde" a decisão dos quatro governadores opositores - todos do partido Ação Democrática (AD), que também integra a MUD - de tomar posse perante a Constituinte, um procedimento sem o qual, segundo um novo decreto publicado no Diário Oficial, não poderiam assumir os cargos.

Na linha de outros dirigentes da MUD que pediram a expulsão da AD da coalizão opositora, o político da VP se mostrou a favor de "apartar quem tiver que ser apartado" para dotar a aliança de "firmeza" e "determinação".

"Estamos confiantes que esta crise vai nos permitir construir uma união cujo objetivo será sair da ditadura, e não conviver com ela", reforçou Guevara, que apostou em tentar mudar o Conselho Nacional Eleitoral antes de voltar a comparecer às urnas.

Tanto a Vontade Popular como a maioria dos partidos da MUD apoiaram o governador opositor eleito que não tomou posse perante a Constituinte e pode perder o cargo, o político do partido Primeiro Justiça, Juan Pablo Guanipa, que ganhou as eleições no estado de Zulia.