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Começa julgamento contra ativistas dos direitos humanos na Turquia

25/10/2017 09h24

Istambul, 25 out (EFE).- O julgamento contra os "11 de Istambul", um grupo de ativistas de defesa dos direitos humanos na Turquia, entre eles a diretora e o presidente do escritório turco da Anistia Internacional (AI), um ativista sueco e outro alemão, detidos em julho, começou nesta quarta-feira, em meio a uma grande expectativa.

"Nós esperamos que todos os defensores dos direitos humanos sejam libertados hoje", indicou à Agência Efe o representante da AI na Turquia, Andrew Gardner, antes do início da sessão no Palácio de Justiça em Istambul.

"As acusações são absurdas. No texto de acusação não há qualquer prova. Esperamos que, após três meses em prisão preventiva, seja decretada a liberdade provisória para que (os ativistas) possam retornar às suas famílias", acrescentou Gardner.

Dez dos acusados, entre eles a diretora da AI na Turquia, Idil Eser, a ativista Özlem Dalkiran, o alemão Peter Steudtner e o sueco Ali Gharavi, foram detidos em 5 de julho na ilha de Büyükada, perto de Istambul, onde participavam de uma oficina sobre segurança cibernética e direitos humanos.

Desde então, todos, com a exceção de dois, estão em prisão preventiva.

A esses dez se soma o presidente da AI na Turquia, Taner Kiliç, detido em junho sob a acusação de fazer parte da rede de simpatizantes do clérigo islamita Fethullah Gülen, que é considerado pelo governo turco o mentor da tentativa fracassada de golpe de Estado em julho de 2016.

Os demais ativistas são acusados de manter vínculos tanto com a organização de Gülen como com o proscrito Partido de Trabalhadores de Curdistão (PKK, sigla em curdo), a guerrilha curda esquerdista da Turquia, e com o DHKP-c, um grupo armado turco de extrema-esquerda.

O texto de acusação destaca que, durante o evento em Büyükada, os acusados falaram sobre "como armazenar informações em um celular de forma segura se o mesmo for confiscado pela polícia, como impedir que a polícia e outras pessoas tenham acesso a essas informações e como criptografá-las".

O Ministério Público da Turquia conclui que os acusados tinham intenção de realizar atividades ilegais e que o seu objetivo era "transformar a situação política atual, suscitando revoltas similares às de Gezi (a onda de manifestações contra a destruição desse parque em 2013) através de organizações que atuariam como ONGs, mas que são dirigidas por organizações terroristas".

"Está totalmente claro que isto é um caso político, um caso impulsionado pelas declarações do governo e pelas campanhas contra as organizações de direitos humanos. Não há nada legal, não há nada fundamentado na lei que permita manter essas pessoas presas", disse Gardner.