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Cristina presta depoimento à justiça por acusação de encobrir terroristas

26/10/2017 12h25

Buenos Aires, 26 out (EFE).- A ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner prestou depoimento nesta quinta-feira em um tribunal federal de Buenos Aires em um caso no qual é investigada por encobrir a participação de terroristas iranianos no atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia) em 1994.

A ex-presidente se apresentou ao juiz Claudio Bonadio, responsável pelo caso, em meio a um forte esquema de segurança, apesar de ter o direito de prestar os esclarecimentos à Justiça por escrito, uma opção já adotada por ela anteriormente.

Cristina, eleita para o Senado argentino no último domingo, é acusada, junto com outros membros de seu governo, o suposto encobrimento de uma denúncia apresentada pelo promotor Alberto Nisman em 2015, dias antes de ser encontrado morto em sua casa.

O procurador investigava o atentado contra a sede da Amia em Buenos Aires em 1994, que deixou 85 mortos e ainda segue impune.

A comunidade judaica do país atribui ao Irã e ao grupo xiita Hezbollah o planejamento do atentado, o segundo contra alvos judeus na Argentina. Em 1992, 29 pessoas morreram após a explosão de uma bomba em frente a embaixada de Israel em Buenos Aires.

Poucos dias antes de ser encontrado morto em seu apartamento, um crime que ainda também segue sem ser esclarecido, Nisman denunciou um acordo assinado entre a Argentina e o Irã em 2013 para investigar de forma conjunta o atentado. Para o promotor, o pacto diplomático, na verdade, queria encobrir os suspeitos do ataque.

A denúncia tinha sido arquivada por "inexistência de crime", mas foi reaberta no fim do ano passado e anexada com outro caso, o de traição à pátria por causa da assinatura do acordo.

Cristina é a última das 15 pessoas convocadas a prestar depoimento. Entre os que foram ouvidos por Bonadio estão o ex-chanceler Héctor Timerman, que disse que só atuou para avançar na investigação do atentado contra a Amia, que estava paralisado.

O acordo de colaboração nunca entrou em vigor porque não foi ratificado pelo Irã. Na Argentina, ele chegou a ser aprovado pelo parlamento, mas acabou declarado como institucional pela Corte Suprema de Justiça.

A ex-presidente, que sempre defendeu a legalidade do pacto, responde a outros três processos. Dois deles são de responsabilidade do próprio Bonadio. Um por irregularidades em contratos futuros de dólar no Banco Central, outro por formação de quadrilha para lavagem de dinheiro através de uma propriedade da família Kirchner.