Rei Vajiralongkorn começa a se consolidar no trono na Tailândia
Alberto Masegosa.
Bangcoc, 29 out (EFE).- A Tailândia pôs fim neste domingo aos cinco dias previstos para o funeral do rei Bhumibol e também ao ano de luto decretado após a morte do monarca, que serviu para que seu filho, o rei Vajiralongkorn, começa a se consolidar no trono.
As honras fúnebres concluíram com a repartição das cinzas e dos ossos do soberano anterior, incinerado na quinta-feira, entre dois templos e o Palácio Real, cujo novo inquilino tomou sem rodeios as rédeas do Estado.
Vajiralongkorn sucedeu seu progenitor em meio a polêmicas histórias de uma perigosa vida amorosa e de algumas excentricidades, divulgadas em redes sociais por dissidentes e promovidas por elites tradicionais que não lhe viam com bons olhos.
Entre essas histórias - que a imprensa local ignora devido à lei que castiga com até 15 anos de prisão quem fizer comentários que possam ser considerados injuriosos contra a Coroa -, se destacava um suposto desinteresse pelos assuntos públicos.
O novo rei, décimo monarca da dinastia Chakri e que reina com o nome de Rama X, não demorou a desmentir esse último boato.
Pouco depois de ser proclamado, exigiu a modificação da Constituição aprovada em referendo em agosto de 2016 - dois meses antes da sua entronização em outubro desse ano -, para dotar a Casa Real de mais poder antes que a Carta Magna entrasse em vigor.
A medida foi seguida em maio pela decisão da Coroa de assumir o comando de cinco agências estatais responsáveis pela segurança e assuntos reais que dependiam até esse momento do escritório do primeiro-ministro, do Ministério de Defesa e da polícia.
A emenda mais controversa foi aprovada em julho pelo parlamento para que o patrimônio real fique sob controle único do rei.
O Ministério de Finanças era até então o encarregado de dirigir essa instituição, a maior corporação tailandesa com uma pasta de investimentos em propriedades e empresas que a revista "Forbes" avaliou em US$ 35 bilhões.
Vajiralongkorn se garantiu com essas medidas mais parcelas de poder que seu próprio pai, e fez isso em detrimento das forças de segurança, que junto à Coroa ocupam o topo do extenso aparelho burocrático que tradicionalmente governou o país.
A repercussão que as mudanças introduzidas pelo novo soberano terão nesse binômio de poder ainda é um enigma.
O roteiro do processo de consolidação de Vajiralongkorn prossegue com sua coroação, prevista para o dia 26 de dezembro, uma cerimônia que é uma espécie de consagração real que acontecerá quase um ano antes da realização de eleições gerais.
As condições em que serão realizados esses pleitos são outra incógnita após serem convocados para novembro de 2018 pelo primeiro-ministro, general Prayut Chan-ocha, depois de adiá-los de forma sucessiva desde que em 2014 tomou o governo em um golpe de Estado.
Os partidos registrados legalmente na Tailândia estão proibidos de exercer atividade política desde esse último levante militar, e não se anunciou oficialmente quando a proibição será revogada.
Também não se sabe se poderão apresentar suas candidaturas os irmãos Thaksin e Yingluck Shinawatra - ambos ex-primeiro-ministros derrubados pelo exército e ambos no exílio -, cujo partido populista Puea Thai ganhou todas as legislativas organizadas desde 2001 no país.
A possível participação como candidato do próprio general Prayut na condição de civil é a terceira dúvida; o atual primeiro-ministro militar não descartou publicamente, mas ressaltou que anunciaria sua decisão definitiva "em seu devido momento".
O exército protagonizou 20 golpes ou tentativas golpistas desde a abolição da monarquia absoluta em 1932, e não é provável que Prayut tome essa decisão sem a aprovação da Casa Real; afinal nenhum desses levantes militares pôs a Coroa em questão.
"Ignoro o futuro. Sempre podem surgir problemas, mas não há indícios que até agora tenham se produzido conflitos (entre o exército e a Casa Real)", declarou à Agência Efe o acadêmico e historiador Tongthong Chandransu, especialista na monarquia tailandesa.
"Neste primeiro ano a vida continuou com absoluta normalidade", lembrou o especialista, em alusão aos prognósticos que previam um ciclo de instabilidade após a morte do popular Bhumibol, venerado depois de sete décadas de reinado.
"O estilo é diferente", admitiu Tongthong, para em seguida assegurar que "o importante é que desde a morte do rei Bhumibol os tailandeses seguimos sendo uma grande família".
Bangcoc, 29 out (EFE).- A Tailândia pôs fim neste domingo aos cinco dias previstos para o funeral do rei Bhumibol e também ao ano de luto decretado após a morte do monarca, que serviu para que seu filho, o rei Vajiralongkorn, começa a se consolidar no trono.
As honras fúnebres concluíram com a repartição das cinzas e dos ossos do soberano anterior, incinerado na quinta-feira, entre dois templos e o Palácio Real, cujo novo inquilino tomou sem rodeios as rédeas do Estado.
Vajiralongkorn sucedeu seu progenitor em meio a polêmicas histórias de uma perigosa vida amorosa e de algumas excentricidades, divulgadas em redes sociais por dissidentes e promovidas por elites tradicionais que não lhe viam com bons olhos.
Entre essas histórias - que a imprensa local ignora devido à lei que castiga com até 15 anos de prisão quem fizer comentários que possam ser considerados injuriosos contra a Coroa -, se destacava um suposto desinteresse pelos assuntos públicos.
O novo rei, décimo monarca da dinastia Chakri e que reina com o nome de Rama X, não demorou a desmentir esse último boato.
Pouco depois de ser proclamado, exigiu a modificação da Constituição aprovada em referendo em agosto de 2016 - dois meses antes da sua entronização em outubro desse ano -, para dotar a Casa Real de mais poder antes que a Carta Magna entrasse em vigor.
A medida foi seguida em maio pela decisão da Coroa de assumir o comando de cinco agências estatais responsáveis pela segurança e assuntos reais que dependiam até esse momento do escritório do primeiro-ministro, do Ministério de Defesa e da polícia.
A emenda mais controversa foi aprovada em julho pelo parlamento para que o patrimônio real fique sob controle único do rei.
O Ministério de Finanças era até então o encarregado de dirigir essa instituição, a maior corporação tailandesa com uma pasta de investimentos em propriedades e empresas que a revista "Forbes" avaliou em US$ 35 bilhões.
Vajiralongkorn se garantiu com essas medidas mais parcelas de poder que seu próprio pai, e fez isso em detrimento das forças de segurança, que junto à Coroa ocupam o topo do extenso aparelho burocrático que tradicionalmente governou o país.
A repercussão que as mudanças introduzidas pelo novo soberano terão nesse binômio de poder ainda é um enigma.
O roteiro do processo de consolidação de Vajiralongkorn prossegue com sua coroação, prevista para o dia 26 de dezembro, uma cerimônia que é uma espécie de consagração real que acontecerá quase um ano antes da realização de eleições gerais.
As condições em que serão realizados esses pleitos são outra incógnita após serem convocados para novembro de 2018 pelo primeiro-ministro, general Prayut Chan-ocha, depois de adiá-los de forma sucessiva desde que em 2014 tomou o governo em um golpe de Estado.
Os partidos registrados legalmente na Tailândia estão proibidos de exercer atividade política desde esse último levante militar, e não se anunciou oficialmente quando a proibição será revogada.
Também não se sabe se poderão apresentar suas candidaturas os irmãos Thaksin e Yingluck Shinawatra - ambos ex-primeiro-ministros derrubados pelo exército e ambos no exílio -, cujo partido populista Puea Thai ganhou todas as legislativas organizadas desde 2001 no país.
A possível participação como candidato do próprio general Prayut na condição de civil é a terceira dúvida; o atual primeiro-ministro militar não descartou publicamente, mas ressaltou que anunciaria sua decisão definitiva "em seu devido momento".
O exército protagonizou 20 golpes ou tentativas golpistas desde a abolição da monarquia absoluta em 1932, e não é provável que Prayut tome essa decisão sem a aprovação da Casa Real; afinal nenhum desses levantes militares pôs a Coroa em questão.
"Ignoro o futuro. Sempre podem surgir problemas, mas não há indícios que até agora tenham se produzido conflitos (entre o exército e a Casa Real)", declarou à Agência Efe o acadêmico e historiador Tongthong Chandransu, especialista na monarquia tailandesa.
"Neste primeiro ano a vida continuou com absoluta normalidade", lembrou o especialista, em alusão aos prognósticos que previam um ciclo de instabilidade após a morte do popular Bhumibol, venerado depois de sete décadas de reinado.
"O estilo é diferente", admitiu Tongthong, para em seguida assegurar que "o importante é que desde a morte do rei Bhumibol os tailandeses seguimos sendo uma grande família".
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