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Milhares de pessoas protestam no Zimbábue contra Mugabe

Na capital, Harare, milhares de pessoas foram às ruas exigindo a saíde de Mugabe - Jekesai Njikizana/AFP
Na capital, Harare, milhares de pessoas foram às ruas exigindo a saíde de Mugabe Imagem: Jekesai Njikizana/AFP

18/11/2017 07h45

Milhares de pessoas tomaram as ruas das principais cidades do Zimbábue neste sábado para exigir a renúncia do presidente, Robert Mugabe, que pode estar vivendo seus últimos dias no cargo após 37 anos no poder depois que os militares tomaram o controle do país.

Tanto na capital do país, Harare, como na segunda maior cidade, Bulawayo, os bairros centrais se encheram de cidadãos com bandeiras zimbabuanas e cartazes com mensagens como "Mugabe, saia agora" e "O Zimbábue não é uma empresa privada, Mugabe deve renunciar".

As manifestações foram convocadas por mais de uma centena de organizações civis, a união sindical e a influente associação de veteranos de guerra, e contam com o apoio das forças armadas, que controlam o país de fato desde a última terça-feira.

As chamadas "marchas da solidariedade" expressam seu apoio à intervenção militar contra o governo de Mugabe, e nelas é possível ver cartazes com a imagem do chefe do exército, Constantine Chiwenga, junto com a inscrição "a voz do povo".

Além disso, os manifestantes criticam a primeira-dama, Grace Mugabe, apontada como a responsável pela crise por ter forçado a destituição do vice-presidente Emmerson Mnangagwa - um veterano de guerra com uma longa experiência governamental - para poder suceder seu marido no poder.

Alguns cartazes mostram o rosto de Grace Mugabe e ironizam: "A liderança não se transmite sexualmente".

Os zimbabuanos da diáspora também estão convocados a demonstrar seu desacordo com a continuidade de Mugabe, seja em frente às embaixadas e consulados do seu país ou nas ruas, como na Cidade do Cabo, onde também pedem ao presidente sul-africano, Jacob Zuma, que "tire suas mãos de cima" do Zimbábue.

O apoio popular à derrocada de Mugabe se depara com o obstáculo de organismos internacionais como a União Africana (UA) e a Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), que não veem com bons olhos a possibilidade de um golpe de Estado, razão pela qual os militares negociam com o presidente, que, por enquanto, se mostra reticente a renunciar.

No entanto, hoje pode ser o último dia de Mugabe como presidente, já que se espera que amanhã o Comitê Central do seu partido, a União Nacional Africana de Zimbábue-Frente Patriótica (ZANU-PF), se reúna para analisar sua possível destituição.

Por enquanto, os comités provinciais da legenda, que tinham manifestado anteriormente seu apoio à candidatura de Mugabe para as eleições de 2018, decidiram ontem pedir sua renúncia, por considerar que o líder, de 93 anos, é velho demais e está incapacitado para seguir à frente do partido e do governo.