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Rússia veta última tentativa de manter viva investigação química na Síria

18/11/2017 02h09

Nações Unidas, 17 nov (EFE).- A Rússia vetou nesta sexta-feira uma última tentativa de manter vivo o mecanismo internacional que investiga a responsabilidade dos ataques com armas químicas na Síria desde 2015.

Após vetar na quinta-feira uma resolução dos EUA para prorrogar por um ano o mandato dos investigadores, a delegação russa voltou a fazer o mesmo hoje com uma proposta do Japão para ampliar o mandato por mais um mês e, assim, dar mais tempo para um compromisso.

Moscou acusa a investigação de falta de parcialidade e profissionalismo, enquanto os países do Ocidente asseguram que tudo responde a uma tentativa russa de proteger seus aliados em Damasco.

"As ações da Rússia hoje e nas últimas semanas foram projetadas para atrasar, distrair e derrotar a prestação de contas pelos ataques com armas químicas na Síria", disse a embaixadora americana nas Nações Unidas, Nikki Haley.

O texto japonês recebeu 12 votos a favor, uma abstenção e dois votos contra, da Bolívia e Rússia.

A falta de acordo no Conselho de Segurança representa, por enquanto, o fim do mecanismo conjunto da ONU e da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ), conhecida pelas sigla em inglês de JIM, e que foi lançada em 2015 com o apoio de todos os poderes.

Os especialistas responsabilizaram de ataques químicos tanto o regime sírio como o Estado Islâmico (EI) em vários relatórios, que nos últimos meses foram muito criticados pela Rússia.

O último, informado no final de outubro, apontou para Damasco como responsável do ataque realizado em abril, na cidade de Jan Shijun, que deixou mais de 80 mortos e levou os EUA a lançar dezenas de mísseis contra a base do Exército sírio.

No entanto, a Rússia insistiu o tempo todo que o regime de Bashar al-Assad não teve nada a ver e acusou o JIM de estar ao serviço do Ocidente e da oposição síria.

O embaixador russo, Vasyl Nebenzia, insistiu em que o mecanismo foi desqualificado com sua "investigação fictícia" sobre Jan Shijun e disse que não aceitará uma extensão do mecanismo a menos que "seus defeitos essenciais sejam corrigidos".

Na quinta-feira, a Rússia propôs seu próprio texto para manter o JIM, mas introduzindo mudanças importantes no seu mandato e ordenando uma nova análise sobre Jan Shijun, que foi rejeitada por uma clara maioria do Conselho.

A fratura ocorre enquanto são preparadas novas negociações de paz estão sendo preparadas na Síria e com a Rússia, Turquia e Irã tentando assumir mais protagonismo para tentar encerrar a guerra. EFE

mvs/phg