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Croatas lamentam fato de Mladic não ter sido julgado por crimes na Croácia

22/11/2017 14h01

Zagreb, 22 nov (EFE).- O governo da Croácia qualificou nesta quarta-feira como "adequada" a sentença de prisão perpétua ditada contra o ex-chefe militar sérvio-bósnio Ratko Mladic, mas lamentou o fato de ele não ter sido julgado também por supostos crimes cometidos em território croata.

"Infelizmente, o objeto deste julgamento não foram também os crimes de guerra que Mladic cometeu no território da Croácia", disse o primeiro-ministro do país, o conservador Andrej Plenkovic, em declarações à imprensa local.

Plenkovic lembrou que, devido à amplitude do caso e ao pouco tempo disponível, a promotoria do Tribunal Penal Internacional para os crimes de guerra na antiga Iugoslávia (TPII) desistiu de incluir os supostos crimes cometidos na Croácia.

Por outro lado, Plenkovic lamentou que o veredicto de hoje não mencionasse a responsabilidade da Sérvia pelos crimes cometidos pelas forças sérvio-bósnias e o papel-chave deste país na guerra.

"Infelizmente, não foi mencionado neste veredicto a liderança da Sérvia (nos crimes)", opinou o primeiro-ministro croata.

Plenkovic concluiu que a pena ditada contra Mladic é "adequada" ao considerar a gravidade máxima dos crimes dos quais ele é considerado responsável.

Por sua vez, o comandante de defesa da cidade croata de Skabrnja, Marko Miljanic, disse hoje que os moradores dessa localidade estão "tristes" porque Mladic não foi julgado pelas mortes de mais de 100 civis.

"Mladic começou sua carreira de criminoso de guerra justo aqui, em Skabrnja. Pelos crimes que cometeu aqui, foi promovido a general, aqui começou tudo que depois continuou na Bósnia", afirmou Miljanic em entrevista à agência de notícias "Hina".

Mladic é acusado na Croácia de vários crimes cometidos em 1991, quando era comandante do batalhão do exército iugoslavo de Knin, começando com o massacre de uma centena de civis croatas em Skabrnja e Saborsko em 1991.

O ex-militar também é considerado responsável pela morte de dezenas de civis durante a destruição da aldeia de Kijevo, e de bombardeios indiscriminados contra Zadar, Sibenik e Sinj.

Além disso, Mladic é acusado de limpeza étnica contra civis croatas na área de atuação de seu batalhão na região de Knin, e de ter tido a intenção de destruir o dique de Peruca, que acabou sendo impedida e teria causado várias vítimas e enormes danos materiais.

Em 1992, o Tribunal de Sibenik condenou Mladic à revelia a 20 anos de prisão por considerá-lo responsável por vários desses crimes.