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Oposição síria concorda em negociar com regime de Assad sem condições prévias

23/11/2017 18h27

Riad, 23 nov (EFE).- A oposição da Síria reunida em Riad, na Arábia Saudita, chegou a um consenso nesta quinta-feira para iniciar negociações com o governo do presidente Bashar al Assad, "sem nenhuma condição prévia", mas insistiu que o líder deveria deixar o poder durante a transição após o fim hipotético do conflito armado.

Os presentes na conferência na capital saudita aprovaram nesta quinta-feira o comunicado final do encontro, que começou ontem e que deve terminar amanhã, e o chamaram de "Documento de Riad".

O texto, divulgado pela principal aliança política opositora, a Coalizão Nacional Síria (CNFROS), estipula que "não há lugar para Assad e seu círculo", nem para seu "sistema de repressão e despotismo", no país no pós-guerra.

O documento ressalta a necessidade de manter "condições mínimas" nas negociações, que seriam estabelecidas pelos "sacrifícios do povo sírio" e pelo que foi estipulado na reunião de Genebra 1, em junho de 2012, com relação à criação de um governo interino que lidere a fase de transição para a democracia.

Este processo político tem como objetivo "empoderar o povo sírio" para que este possa escolher seus dirigentes em "eleições imparciais sob a supervisão das Nações Unidas", acrescentaram os opositores na nota.

Além disso, os líderes e representantes escolhidos serão os únicos que poderão dispor de armas, segundo os grupos opositores, que exigiram a reforma dos corpos de segurança e do exército.

No texto, a oposição afirmou que sua meta é "unificar as forças da revolução e a oposição em torno de uma visão comum sobre uma solução política" baseada no Comunicado de Genebra e nas resoluções do Conselho de Segurança 2118 e 2254.

Além disso, os líderes opositores destacaram que a Síria será um Estado democrático, baseado na descentralização administrativa e rico em diversidade religiosa e em nações, e que respeitará os direitos humanos e todos os tratados internacionais nesse sentido.

Por outro lado, os opositores asseguraram que Bashar al Assad e outros integrantes do governo cometeram "crimes de guerra" contra o povo sírio, por isso é necessário que todos eles sejam levados ao Tribunal Penal Internacional (TPI).

As forças opositoras também rejeitaram "as intervenções regionais e internacionais (na Síria), especialmente o papel do Irã na desestabilização da região e na (promoção da) mudança demográfica do país".

Cerca de 140 representantes de facções opositoras, personalidades independentes, grupos políticos e membros da CNFROS - todos eles integrantes da Comissão Suprema para as Negociações (CSN), a mais importante aliança da oposição - vêm mantendo reuniões desde ontem em Riad.

A CSN representou os opositores em rodadas anteriores das negociações em Genebra, promovidas pela ONU e que deveriam ser retomadas em 28 de novembro.

Apesar da oposição síria ter se mostrado disposta a conversar com o governo de Assad sem condições prévias, a assessora presidencial da Síria, Buzaina Shaaban, exigiu hoje que as facções deponham suas armas antes de iniciar um diálogo, em entrevista à agência russa "Sputnik", veiculada por veículos de imprensa sírios.

Não obstante, Shaaban se referia à conferência proposta pela Rússia entre as partes sírias na cidade de Sochi, cuja data ainda não foi estabelecida, e não mencionou as negociações em Genebra.