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Espionagem alemã denuncia campanha de desinformação sobre Catalunha nas redes

27/11/2017 13h57

Berlim, 27 nov (EFE).- Os serviços secretos da Alemanha denunciaram nesta segunda-feira uma campanha de desinformação nas redes por ocasião da crise institucional na Catalunha, segundo informou Hans-Georg Maassen, presidente do Escritório Federal para a Proteção da Constituição (BfV).

Em um congresso sobre cibersegurança organizado em Berlim pelo jornal "Handelsblatt", Maassen citou o caso da Catalunha e o de outras campanhas de desinformação, como as registradas durante as eleições americanas ou durante a crise dos refugiados na Alemanha.

O presidente da BfV acusou tanto "atores estatais e não estatais" de estarem por trás destas campanhas, como as "gigantes empresas tecnológicas", que atuam como plataforma, mas "não assumem responsabilidades" pelos conteúdos divulgados através delas.

"Uma sociedade aberta tem muitas opiniões, mas não muitas verdades", afirmou Maasen, que considerou que no discurso democrático "não se podem tratar opiniões e fatos igualmente", porque acaba corroendo "o pluralismo democrático".

As grandes tecnológicas, entre as quais só citou o Facebook, são um "quinto poder" que se diz "transparente e altruísta", mas que não assumem suas responsabilidades, lamentou.

Sobre os autores das campanhas de desinformação, Maassen disse em termos gerais que "muitas pistas levam a Moscou", embora não tenha entrado em detalhes nesta questão.

O presidente da BfV também falou de atos de ciberespionagem e de cibersabotagens contra interesses alemães de caráter público e privado na rede e ressaltou que os causadores são principalmente "atores estatais e não estatais" estrangeiros.

"A Federação Russa, a China e a República Islâmica do Irã são os principais atores contra interesses alemães, mas não os únicos. Há outros menores como a Coreia do Norte, com um papel crescente", explicou.

Maassen se referiu em várias ocasiões ao grave ciberataque ao Bundestag (câmara baixa) em 2015 e afirmou que o "alvo ambicionado" da espionagem industrial contra a Alemanha são, principalmente, "as empresas do setor automotivo, a indústria armamentista, o setor aeronáutico, as químicas e as farmacêuticas".

Embora não tenham sido registrados "grandes ataques" na Alemanha, o presidente da BfV apontou que houve operações contra representantes "da política, da ciência, da indústria, da investigação, do governo e provedores de internet e serviços na nuvem".

Além disso, considerou que, por enquanto, "os grupos terroristas ainda não têm a capacidade cibernética" para realizar grandes atos de sabotagem através da rede, mas pediu atenção para este tipo de ações.

Maassen afirmou que, com a atual legislação, as forças de segurança não podem atuar de forma "ótima" contra a cibercriminalidade e pediu ao próximo governo alemão que tome medidas quanto ao assunto.

Segundo sua opinião, as forças de segurança deveriam poder apagar as informações roubadas nos servidores dos hackers, poder se infiltrar nesses servidores para analisar as informações que dispõem e poder, em "casos excepcionais", destruir esse servidor para evitar um mal maior.

"A democracia deve se defender também no ciberespaço", argumentou o presidente da BfV.