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Argentina condena ex-militares a prisão perpétua por crimes na ditadura

29/11/2017 18h50

Buenos Aires, 29 nov (EFE).- Os ex-militares Jorge Eduardo Acosta e Alfredo Astiz foram condenados nesta quarta-feira a prisão perpétua por crimes contra a humanidade na Argentina, delitos que ocorreram na Escola de Mecânica da Marinha (ESMA) a ditadura que comandou o país entre 1976-1983.

Após cinco anos de audiências, o Quinto Tribunal Oral Federal, de Buenos Aires, anunciou a decisão de condenar Jorge Eduardo Acosta, ex-capitão de fragata e ex-chefe de Inteligência da ESMA, e Alfredo Astiz, conhecido como "Anjo da Morte", também ex-capitão da Marinha.

O histórico julgamento tem, no total, 54 denunciados. Eles são acusados por 789 crimes, entre eles sequestros, torturas e homicídios cometidos dentro da ESMA, onde funcionou a maior prisão clandestina do regime. Calcula-se que 5 mil pessoas ficaram ilegalmente detidas no local no período ditatorial.

Os juízes afirmaram que todos os crimes cometidos por Acosta e Astiz são "contra a humanidade", por isso, não prescreveram. Apesar de terem sido absolvidos de mais de 50 acusações cada um, os dois acabaram condenados a prisão perpétua.

A leitura do veredito dos juízes do Quinto Tribunal Oral Federal deve demorar várias horas. Também foram condenados hoje a prisão perpétua Mario Daniel Arru, Randolfo Agusti Scacchi e Juan Antonio Azic. Já Juan Arturo Alomar e Paulino Omar Altamira pegaram 13 e oito anos de reclusão, respectivamente.

Juan Ernesto Alemann, secretário de Fazenda durante o governo ditatorial, foi absolvido pelos juízes.

Esse é o terceiro julgamento realizado por crimes cometidos na ESMA, mas foi o mais longo até então, com cinco anos de audiência devido à quantidade de acusados e de testemunhas - mais de 400.

Por esse motivo, ele é considerado o maior processo por delitos cometidos na ditadura da história da Justiça argentina.