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Tribunal alemão determina prisão para "contador de Auschwitz" aos 96 anos

29/11/2017 11h18

Berlim, 29 nov (EFE).- O Tribunal de Celle (centro da Alemanha) declarou nesta quarta-feira que o chamado "contador de Auschwitz", o ex-membro da SS Oskar Gröning, de 96 anos e condenado em 2015 a quatro anos de prisão por cumplicidade na morta de 300 mil judeus, está apto para ingressar no presídio.

A justiça rejeitou uma alegação contra a prisão por razões de idade e em vista ao debilitado estado de saúde, apresentada pela defesa do acusado após ser ratificada a condenação pelo Supremo Tribunal em 2016.

O processo contra Gröning foi expoente dos julgamentos tardios por crimes do nazismo, abertos após o precedente marcado pelo caso do ucraniano John Demjanjuk, condenado em 2011 a cinco anos de prisão por cumplicidade nas mortes do campo de extermínio de Sobibor, na Polônia ocupada.

Gröning admitiu em seu julgamento, realizado no Tribunal de Lübeburg (norte do país), sua "cumplicidade moral" nas mortes de Auschwitz, onde realizou trabalhos como a apreensão e administração do dinheiro e dos pertences dos que chegavam como deportados.

O processado mostrou arrependimento e pediu perdão aos sobreviventes e familiares das vítimas, além de lamentar não ter agido perante crimes dos quais era perfeitamente consciente.

A condenação a quatro anos de prisão superou o pedido da Promotoria - que tinha solicitado três anos e meio -, enquanto a defesa pedia a absolvição do acusado, que assistiu ao processo auxiliado por um andador.

Gröning entrou nas WAFFEN-SS, em 1941, aos 20 anos e, dois anos depois, começou a servir em Auschwitz, onde assumiu a incumbência de confiscar os pertences dos deportados, contribuindo para financiar o III Reich, já que se encarregava, além disso, de fazer as correspondentes transferências a Berlim.

A acusação se centrou em seu papel na chamada "Operação Hungria", de meados de 1944, quando chegaram a Auschwitz cerca de 450 mil judeus, dos quais cerca de 300 mil morreram assassinados.

Ao contrário de outras decisões de julgamentos tardios, como o citado Demjanjuk, que se manteve em silêncio durante todo o julgamento, Gröning ofereceu amplas declarações sobre o dia a dia de Auschwitz e seu papel na burocratizada maquinaria de extermínio.

Gröning, que após a queda do nazismo passou por um campo de internação britânico e depois voltou à vida civil como contador em uma fábrica de vidro.

O seu julgamento esteve marcado por frequentes interrupções pela saúde do processado, o mesmo que ocorreu com de Demjanjuk, que morreu meses depois de escutar sentença em um hospital de idosos. EFE

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