HRW denuncia violência sexual estendida durante eleições no Quênia
Nairóbi, 8 dez (EFE).- O processo das eleições presidenciais no Quênia de 2017 esteve manchado pela "violência sexual estendida", em muitos casos perpetrada pelas próprias forças de segurança e que causou a morte de pelo menos uma jovem, segundo denunciou nesta sexta-feira em comunicado Human Rights Watch (HRW).
A organização documentou casos de estupros em grupo, abusos na presença de membros das famílias e outros fatos descritos como "brutais" ocorridos em meio aos incidentes violentos que aconteceram durante as últimas eleições presidenciais, que tiveram que ser repetidas por irregularidades e depois foram boicotadas pela oposição.
"A maioria das mulheres disse que foi estuprada por policiais e homens uniformizados, muitos deles portadores de armas, cassetetes e outros materiais antidistúrbios", apontou HRW.
"Em pelo menos um caso, uma mulher morreu depois de ser estuprada", acrescenta o texto.
O comunicado recolhe os resultados de uma investigação a partir de entrevistas com 68 vítimas mulheres, três homens que também sofreram violência sexual e uma dúzia de testemunhas. Além disso, há entrevistas com ativistas e voluntários comunitários.
Como principal conclusão, a HRW considera que houve "violência sexual estendida" durante todo o período eleitoral e pediu ao Governo de Uhuru Kenyatta que tome medidas para dar às vítimas os cuidados físicos e psicológicos básicos, além de apoio para que seja feita justiça.
"O impacto da violência sexual nos sobreviventes é devastador. Quase todas as mulheres e meninas com as quais falamos sofriam danos psicológicos e traumas mentais profundos e temiam que seus agressores nunca pagassem pelas consequências ", explicou Agnes Odhiambo, investigadora de HRW.
O observatório lembrou que o "histórico de impunidade para a violência sexual no Quênia mina seriamente" as possibilidades e as intenções de denúncia perante a polícia.
"Algumas que tentaram denunciar disseram que a polícia as mandou embora sem tomar declarações", acrescentaram as fontes, ou que inclusive as "ridicularizaram".
Nos casos investigados, a maioria das vítimas não tinha comparecido às autoridades e também não tinham recebido assistência médica.
Por fim, o Observatório apontou que o Quênia já ignorou os crimes sexuais ocorridos contra milhares de mulheres durante a crise de violência política ocorrida em 2007 e 2008.
"O Governo queniano deve mudar a estratégia. Deve assegurar que todas as vítimas obtenham tratamento pós-estupro de qualidade e com confidencialidade", concluiu a HRW, que condena que a posição do Governo seja "minimizar" a importância destes casos e lamenta a quantidade de barreiras e o estigma social ao que as sobreviventes têm que enfrentar.
O Quênia realizou eleições presidenciais em agosto, com vitória de Kenyatta para exercer um segundo mandato, mas as eleições foram cancelados pela Justiça por irregularidades.
A repetição da votação proclamou de novo o presidente - que concorreu somente contra candidatos minoritários perante a chamada ao boicote da oposição - eleito com 98% dos votos em um pleito que só registrou 39% de participação.
A oposição também não considera válidos estes últimos resultados e não só não reconheceu a derrota, mas como planeja que Raila Odinga, líder da principal coligação opositora, a Super Aliança Nacional (NASA, siglas em inglês), seja investido presidente em 12 de dezembro.
Todo o processo eleitoral esteve marcado por incidentes violentos que deixaram dezenas de mortos.
A organização documentou casos de estupros em grupo, abusos na presença de membros das famílias e outros fatos descritos como "brutais" ocorridos em meio aos incidentes violentos que aconteceram durante as últimas eleições presidenciais, que tiveram que ser repetidas por irregularidades e depois foram boicotadas pela oposição.
"A maioria das mulheres disse que foi estuprada por policiais e homens uniformizados, muitos deles portadores de armas, cassetetes e outros materiais antidistúrbios", apontou HRW.
"Em pelo menos um caso, uma mulher morreu depois de ser estuprada", acrescenta o texto.
O comunicado recolhe os resultados de uma investigação a partir de entrevistas com 68 vítimas mulheres, três homens que também sofreram violência sexual e uma dúzia de testemunhas. Além disso, há entrevistas com ativistas e voluntários comunitários.
Como principal conclusão, a HRW considera que houve "violência sexual estendida" durante todo o período eleitoral e pediu ao Governo de Uhuru Kenyatta que tome medidas para dar às vítimas os cuidados físicos e psicológicos básicos, além de apoio para que seja feita justiça.
"O impacto da violência sexual nos sobreviventes é devastador. Quase todas as mulheres e meninas com as quais falamos sofriam danos psicológicos e traumas mentais profundos e temiam que seus agressores nunca pagassem pelas consequências ", explicou Agnes Odhiambo, investigadora de HRW.
O observatório lembrou que o "histórico de impunidade para a violência sexual no Quênia mina seriamente" as possibilidades e as intenções de denúncia perante a polícia.
"Algumas que tentaram denunciar disseram que a polícia as mandou embora sem tomar declarações", acrescentaram as fontes, ou que inclusive as "ridicularizaram".
Nos casos investigados, a maioria das vítimas não tinha comparecido às autoridades e também não tinham recebido assistência médica.
Por fim, o Observatório apontou que o Quênia já ignorou os crimes sexuais ocorridos contra milhares de mulheres durante a crise de violência política ocorrida em 2007 e 2008.
"O Governo queniano deve mudar a estratégia. Deve assegurar que todas as vítimas obtenham tratamento pós-estupro de qualidade e com confidencialidade", concluiu a HRW, que condena que a posição do Governo seja "minimizar" a importância destes casos e lamenta a quantidade de barreiras e o estigma social ao que as sobreviventes têm que enfrentar.
O Quênia realizou eleições presidenciais em agosto, com vitória de Kenyatta para exercer um segundo mandato, mas as eleições foram cancelados pela Justiça por irregularidades.
A repetição da votação proclamou de novo o presidente - que concorreu somente contra candidatos minoritários perante a chamada ao boicote da oposição - eleito com 98% dos votos em um pleito que só registrou 39% de participação.
A oposição também não considera válidos estes últimos resultados e não só não reconheceu a derrota, mas como planeja que Raila Odinga, líder da principal coligação opositora, a Super Aliança Nacional (NASA, siglas em inglês), seja investido presidente em 12 de dezembro.
Todo o processo eleitoral esteve marcado por incidentes violentos que deixaram dezenas de mortos.
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