Reeleição de Evo Morales marca 2017 em uma Bolívia que espera ressurgimento
Gina Baldivieso.
La Paz, 15 dez (EFE).- A decisão de Evo Morales de voltar a disputar as eleições de 2019 na busca de um quarto mandato consecutivo dominou neste ano a agenda política da Bolívia, cujo crescimento econômico ainda está desacelerado, mas à espera de um impulso após a implementação do seu primeiro projeto petroquímico.
O debate sobre a reeleição esteve presente durante todo o ano nos discursos políticos, em prematuras pesquisas pré-eleitorais, manifestações populares e nos vários eventos nos quais Morales participa diariamente, nos quais seus apoiadores afirmam sempre que deve governar pelo menos até 2025.
Foi em setembro que o partido governante Movimento ao Socialismo (MAS) apresentou um recurso perante o Tribunal Constitucional (TC) para que declare inaplicáveis vários artigos da Constituição e anule outros da lei eleitoral que impediam Morales de voltar a concorrer, o que foi validado em novembro pelos magistrados.
A decisão foi criticada pelos principais líderes opositores, pela Igreja católica e inclusive pela Confederação de Empresários Privados da Bolívia, que nos últimos anos tinha se mantido à margem de assuntos políticos.
Estes setores alertaram que a decisão judicial gera incerteza, abre o caminho para o "totalitarismo" e representa um desconhecimento dos resultados do referendo realizado em 2016, no qual foi rejeitada uma reforma para que Morales fosse candidato em 2019.
Por sua vez, o oficialismo defendeu a liderança de Morales para cumprir a chamada "Agenda Patriótica 2025", que estabelece uma série de metas sociais e econômicas para celebrar nesse ano o bicentenário da independência da Bolívia.
A sentença repercutiu nas eleições judiciais de dezembro, nas quais os bolivianos estavam convocados a eleger pela segunda vez nas urnas os magistrados dos principais tribunais do país, mas terminou se impondo o voto nulo estimulado pela oposição.
Os opositores, que já antes da decisão a favor de Morales pediam o voto nulo, transformaram a eleição em um referendo contra a nova candidatura do presidente.
A polêmica sobre a reeleição de Morales também deixou em evidência uma crise de lideranças no país, pois enquanto o partido governista depende de seu líder, a oposição não tem um rosto visível para fazer-lhe frente.
Nessa disputa surgiu a figura do ex-presidente Carlos Mesa (2003-2005), cuja posição crítica ao governo lhe transformou em alvo de ataques do oficialismo.
Mesa, que é o porta-voz da centenária reivindicação da Bolívia contra o Chile para contar com saída ao mar, reiterou que não planeja se candidatar em 2019, mas mesmo assim aparece nas pesquisas com os índices mais altos para enfrentar Morales.
O eterno litígio com o Chile e a habitual retórica de Evo Morales contra os Estados Unidos marcaram novamente a agenda internacional boliviana, na qual também foram frequentes os ataques ao secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, por suas críticas ao governo do venezuelano Nicolás Maduro, aliado do líder boliviano.
No âmbito econômico, a Bolívia ainda não terminou de se recuperar do arrefecimento dos dois últimos anos devido à queda do preço do gás natural, seu principal produto de exportação que está indexado ao custo internacional do petróleo.
A balança comercial boliviana registrou um déficit de US$ 899 milhões no terceiro trimestre do ano, que começou com uma projeção de crescimento econômico de 4,8%, mas é provável que fique em 4%.
As autoridades defendem que a demanda interna, impulsionada pelo gasto público, teve uma grande incidência no crescimento econômico e o país já não depende unicamente das suas exportações.
A esperança está posta agora na usina petroquímica que começou a operar em setembro e que representa o início da industrialização do gás prometido por Morales em 2006, quando empreendeu a nacionalização de recursos energéticos.
Calcula-se que entre 10% e 15% da produção cobrirá a demanda interna de ureia e o resto será vendido a mercados como o brasileiro, o primeiro para o qual começou a exportar, em um feito histórico para a Bolívia.
A Bolívia não se livrou da corrupção, que ficou patente com dois casos famosos que envolveram a companhia petrolífera YPFB, o símbolo das nacionalizações do governo de Morales, e o estatal Banco Unión.
Sete funcionários estão na prisão por supostas irregularidades na compra de três perfuradoras da empresa italiana Drillmec por US$ 148,8 milhões, que em junho também custaram o cargo do então presidente da YPFB, Guillermo Achá.
Já o banco estatal sofreu um desfalque de US$ 5,4 milhões, pelo qual é acusado o ex-gerente de operações de uma filial no altiplano, Juan Pari Mamani.
O ano 2018 se vislumbra como um período pré-eleitoral, com Morales em campanha permanente e a oposição tentando superar a atomização que atualmente lhe impede de unir-se para enfrentar o líder.
La Paz, 15 dez (EFE).- A decisão de Evo Morales de voltar a disputar as eleições de 2019 na busca de um quarto mandato consecutivo dominou neste ano a agenda política da Bolívia, cujo crescimento econômico ainda está desacelerado, mas à espera de um impulso após a implementação do seu primeiro projeto petroquímico.
O debate sobre a reeleição esteve presente durante todo o ano nos discursos políticos, em prematuras pesquisas pré-eleitorais, manifestações populares e nos vários eventos nos quais Morales participa diariamente, nos quais seus apoiadores afirmam sempre que deve governar pelo menos até 2025.
Foi em setembro que o partido governante Movimento ao Socialismo (MAS) apresentou um recurso perante o Tribunal Constitucional (TC) para que declare inaplicáveis vários artigos da Constituição e anule outros da lei eleitoral que impediam Morales de voltar a concorrer, o que foi validado em novembro pelos magistrados.
A decisão foi criticada pelos principais líderes opositores, pela Igreja católica e inclusive pela Confederação de Empresários Privados da Bolívia, que nos últimos anos tinha se mantido à margem de assuntos políticos.
Estes setores alertaram que a decisão judicial gera incerteza, abre o caminho para o "totalitarismo" e representa um desconhecimento dos resultados do referendo realizado em 2016, no qual foi rejeitada uma reforma para que Morales fosse candidato em 2019.
Por sua vez, o oficialismo defendeu a liderança de Morales para cumprir a chamada "Agenda Patriótica 2025", que estabelece uma série de metas sociais e econômicas para celebrar nesse ano o bicentenário da independência da Bolívia.
A sentença repercutiu nas eleições judiciais de dezembro, nas quais os bolivianos estavam convocados a eleger pela segunda vez nas urnas os magistrados dos principais tribunais do país, mas terminou se impondo o voto nulo estimulado pela oposição.
Os opositores, que já antes da decisão a favor de Morales pediam o voto nulo, transformaram a eleição em um referendo contra a nova candidatura do presidente.
A polêmica sobre a reeleição de Morales também deixou em evidência uma crise de lideranças no país, pois enquanto o partido governista depende de seu líder, a oposição não tem um rosto visível para fazer-lhe frente.
Nessa disputa surgiu a figura do ex-presidente Carlos Mesa (2003-2005), cuja posição crítica ao governo lhe transformou em alvo de ataques do oficialismo.
Mesa, que é o porta-voz da centenária reivindicação da Bolívia contra o Chile para contar com saída ao mar, reiterou que não planeja se candidatar em 2019, mas mesmo assim aparece nas pesquisas com os índices mais altos para enfrentar Morales.
O eterno litígio com o Chile e a habitual retórica de Evo Morales contra os Estados Unidos marcaram novamente a agenda internacional boliviana, na qual também foram frequentes os ataques ao secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, por suas críticas ao governo do venezuelano Nicolás Maduro, aliado do líder boliviano.
No âmbito econômico, a Bolívia ainda não terminou de se recuperar do arrefecimento dos dois últimos anos devido à queda do preço do gás natural, seu principal produto de exportação que está indexado ao custo internacional do petróleo.
A balança comercial boliviana registrou um déficit de US$ 899 milhões no terceiro trimestre do ano, que começou com uma projeção de crescimento econômico de 4,8%, mas é provável que fique em 4%.
As autoridades defendem que a demanda interna, impulsionada pelo gasto público, teve uma grande incidência no crescimento econômico e o país já não depende unicamente das suas exportações.
A esperança está posta agora na usina petroquímica que começou a operar em setembro e que representa o início da industrialização do gás prometido por Morales em 2006, quando empreendeu a nacionalização de recursos energéticos.
Calcula-se que entre 10% e 15% da produção cobrirá a demanda interna de ureia e o resto será vendido a mercados como o brasileiro, o primeiro para o qual começou a exportar, em um feito histórico para a Bolívia.
A Bolívia não se livrou da corrupção, que ficou patente com dois casos famosos que envolveram a companhia petrolífera YPFB, o símbolo das nacionalizações do governo de Morales, e o estatal Banco Unión.
Sete funcionários estão na prisão por supostas irregularidades na compra de três perfuradoras da empresa italiana Drillmec por US$ 148,8 milhões, que em junho também custaram o cargo do então presidente da YPFB, Guillermo Achá.
Já o banco estatal sofreu um desfalque de US$ 5,4 milhões, pelo qual é acusado o ex-gerente de operações de uma filial no altiplano, Juan Pari Mamani.
O ano 2018 se vislumbra como um período pré-eleitoral, com Morales em campanha permanente e a oposição tentando superar a atomização que atualmente lhe impede de unir-se para enfrentar o líder.
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