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Congresso aprova debater destituição de Kuczynski por "incapacidade moral"

16/12/2017 02h39

Lima, 16 dez (EFE).- O Congresso do Peru aprovou na sexta-feira debater no próximo dia 21, o pedido de destituição do presidente Pedro Pablo Kuczynski, por "incapacidade moral permanente", por supostamente ocultar pagamentos da construtora Odebrecht a uma das suas empresas quando era ministro.

O parlamento, dominado amplamente pela oposição, onde o fujimorismo é maioria absoluta, aceitou a moção de vacância (destituição) de Kuczynski apresentada pela Frente Ampla de esquerdas por 93 votos a favor, contra 17 votos.

Os promotores da destituição alegam que Kuczynski está desacreditado para continuar governando por "faltar com a verdade" ao negar em diversas vezes qualquer ligação com a Odebrecht, emprea que esta semana revelou ter pago mais de US$ 782 mil em consultorias entre os anos de 2004 e 2007 a Westield Capital, empresa do próprio Kuczynski.

Nesse período, o atual presidente peruano atuou como ministro de Economia e depois primeiro-ministro do governo de Alejandro Toledo, quem tem um mandado de prisão internacional por supostamente ter recebido propinas no valor de US$ 20 milhões da Odebrecht.

No início do debate, o congressista Kenji Fujimori, filho mais novo do ex-presidente Alberto Fujimori, que está preso, pediu ao resto dos seus companheiros respeitar a presunção de inocência de Kuczynski e argumentou a experiência vivida com o seu pai.

O filho de Fujimori voltou a manifestar uma posição dissonante do resto dos 70 congressistas de seu grupo parlamentar, cujos porta-vozes ameaçaram Kuczynski, na quinta-feira, com a destituição se ele não renunciasse imediatamente.

Outros legisladores expressaram sua insatisfação com a mensagem enviada à nação, onde o presidente rejeitou todas as acusações e enfatizou que não renunciará, pois não vai se intimidar com seus opositores.

Por sua vez, o porta-voz da bancada governista, Gilbert Violeta, acusou a oposição de forçar um "julgamento politico" onde o presidente deve destituído de "forma abusiva".

O congressista Alberto de Belaunde, também do partido governista, reconheceu que Kuczynski deve ao país uma profunda e detalhada explicação no parlamento, mas lamentou que o Congresso atue de uma maneira tão precipitada onde "não estão respeitando os direitos fundamentais, nem as garantias mínimas".

A descoberta das consultorias fornecidas por Kuczynski surgiram através de um documento da construtora enviado para a comissão parlamentar que investiga o lado peruano da Operação Lava Jato.

O presidente tinha se recusado em diversas ocasiões a comparecer nesta comissão por considerar-la um "circo", até que apareceram os pagamentos da Odebrecht para sua empresa.