Topo

Marcelo Odebrecht deixa prisão em Curitiba e cumprirá pena em mansão

19/12/2017 15h58

São Paulo, 19 dez (EFE).- Marcelo Odebrecht, o ex-presidente da construtora Odebrecht condenado a mais de 30 anos de prisão no maior escândalo de corrupção do país, seguirá cumprindo sua pena em uma mansão de 3 mil metros quadrados em São Paulo após ter deixado nesta terça-feira a cela de 12 metros quadrados em Curitiba na qual esteve preso durante dois anos e meio.

O outrora todo-poderoso presidente da maior construtora do país, uma gigante multinacional com negócios em dezenas de países, continuará cumprindo sua condenação em prisão domiciliar graças ao acordo de delação premiada acordado com a Justiça.

O herdeiro de uma das maiores empresas da América Latina foi condenado até agora a 31 anos e 6 meses de prisão em dois dos sete processos abertos contra ele, mas o acordo de colaboração reduziu essa condenação a 10 anos.

Após dois anos e meio em uma estreita cela da Polícia Federal na cidade de Curitiba, ele passará os próximos dois anos e meio em prisão domiciliar, outros dois anos e meio em regime semi-aberto e os últimos dois anos e meio em regime aberto.

Os sete anos e meio que restam de pena Marcelo cumprirá em sua residência em São Paulo, uma mansão com piscina, academia e vários cômodos no exclusivo bairro de Morumbi, controlado por uma tornozeleira eletrônica.

O empresário, de 49 anos e apelidado "Príncipe", deixou as celas da Polícia Federal em Curitiba e foi levado a um fórum onde foi informado por um juiz sobre as regras que terá que cumprir durante a prisão domicilir.

Três horas depois, já com a tornozeleira eletrônica, saiu do fórum em um veículo particular escoltado por duas patrulhas de polícia até um aeroporto privado em Curitiba, onde entrou a bordo de um avião particular que o levou até São Paulo.

O advogado Nabor Bulhões, o único que falou com a imprensa ao final da audiência, assegurou que a definição da mansão que fica num condomínio de luxo a poucos metros do governo de São Paulo como a nova prisão é um "assunto que somente diz respeito a Odebrecht e ao juiz".

Além disso, Bulhões acrescentou que o empresário somente terá direito a receber visitas de seus familiares, de seus advogados e de 15 pessoas incluídas em uma lista que foi entregue nesta terça-feira ao juiz e que somente terá autorização para abandonar a casa em duas oportunidades, com datas ainda não definidas e que seriam para assistir às cerimônias de graduação universitária de suas filhas.

"O único compromisso que Marcelo Odebrecht tem em adiante é continuar colaborando com a Justiça nos termos do acordo de colaboração que assinou com a Promotoria", disse o advogado.

"Ele reiterou que seu grande objetivo é voltar à convivência familiar, algo muito importante para ele", acrescentou.

As penas iniciais às quais foi condenado por corrupção, lavagem de dinheiro e associação ilícita foram reduzidas após o acordo que a Promotoria assinou com 76 executivos e ex-executivos da Odebrecht.

Quando terminar de cumprir com sua pena, Odebrecht ainda terá restrições no âmbito profissional, pois até 2025 estará impedido de exercer qualquer função executiva nas empresas de sua família, segundo o acordo que assinou com a Justiça.

Seu pai, Emílio Odebrecht, anunciou que deixará a presidência do Conselho de Administração em abril, além de afirmar que nenhum membro da família voltará a presidir o grupo, em meio a um programa de reestruturação para "virar as páginas" dos escândalos de corrupção.