Governo boliviano pede fim da greve de médicos perante risco de crise
A ministra de Saúde, Ariana Campesino, em declarações aos veículos de imprensa, pediu de novo aos manifestantes "que suspendam a greve" e pensem nos doentes que, em sua opinião, são afetados pelos "caprichos e a falta de seriedade" dos dirigentes do setor.
Os profissionais da área da saúde protestam contra um artigo do Código do Sistema Penal, que, a seu julgamento, penaliza o trabalho médico, e contra um decreto que institui uma entidade par fiscalizar o trabalho médico no sistema público.
Campesino deu hoje sinais para dialogar com o grupo em conflito a fim de "trabalhar na regulamentação" do polêmico artigo apesar daqueles que exigem sua eliminação do corpo legal penal.
Governo e médicos se reuniram para dialogar quase uma dezena de vezes, mas sem sucesso, o que levou a instâncias como Igreja e as Nações Unidas a advertir sobre o risco desta discórdia.
Os bispos católicos se reuniram na terça-feira com os dirigentes do Colégio Médico da Bolívia para pedir uma pausa na greve.
Além disso, a ONU divulgou um comunicado no qual manifesta sua preocupação pelo conflito que poderia "em certos casos derivar em morte ou danos graves à saúde", além de ocasionar uma "crise nacional aguda" se se prolongar.
Os dirigentes da área da saúde indicaram hoje, em uma conferência de imprensa, que não suspenderão a greve e insistiram no pedido de dialogar unicamente com o presidente do país, Evo Morales, e não com a ministra de Saúde.
Na terça-feira, as tensões aumentaram quando no centro de La Paz um grupo de manifestantes enfrentou a polícia.
Os uniformizados utilizaram bombas de gás lacrimogêneo para dispersar um grupo de médicos e estudantes que tentou chegar até o Palácio de Governo.
Outros setores também se somaram ao protesto, como as farmácias, que na terça-feira decidiram não atender à população durante meio-dia.
O Governo iniciou gestões para demitir os médicos por "abandono de funções" ou descontar os dias não trabalhados.