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Promotoria pede 4 anos de prisão para Menem em julgamento pelo caso Amia

21/12/2017 23h04

Buenos Aires, 21 dez (EFE).- A Unidade Fiscal de Investigação do atentado de 1994 contra a associação judaica AMIA, em Buenos Aires, pediu nesta quinta-feira pena de 4 anos de prisão para o ex-presidente argentino Carlos Menem no julgamento por suposto encobrimento dos autores do ataque.

A promotoria também solicitou pena de 13 anos de prisão para o ex-juiz Juan José Galeano, responsável pela primeira etapa da investigação do atentado, que matou 85 pessoas. Já para os ex-promotores Eamón Mullen e José Barvacchia, que atuaram no caso, a pena pedida foi de oito anos de prisão, e para Rubén Beraja, ex-titular da Delegação de Associações Israelitas Argentinas (Daia, braço político da comunidade judaica local), de um ano de prisão.

O atentado contra a associação continua impune e tem dois processos judiciais por suposto encobrimento.

O primeiro, aberto em 2005, tem Menem entre os acusados. Ele era o presidente do país na época do ataque e, atualmente, tem foro privilegiado por ocupar cargo de senador. Estão no foco das investigações diversas irregularidades detectadas no primeiro julgamento aberto pelo atentado, que concluiu com a declaração de anulação de todo o inquérito e a absolvição dos policiais processados.

Entre as alegações da promotoria contra Menem está a de abandono deliberado da investigação sobre o cidadão de origem síria Alberto Kanoore Edul, que tinha vínculos com a família do ex-presidente.

"Acreditamos que a família presidencial (de Menem) fazia favores à família Kanoore Edul", afirmou um dos integrantes da promotoria, Miguel Yivoff.

Menem foi acusado pela promotoria de "abuso de autoridade e violação dos deveres de funcionário público e encobrimento". Para o ex-presidente, os promotores do caso pediram quatro anos de prisão e impossibilidade de ocupar cargos públicos por oito anos.

Para os responsáveis pela investigação, "Carlos Saúl Menem determinou a Juan José Galeano, através de seu irmão Munir Menem (por ligação telefônica), abandonar a investigação na causa sobre Kanoore Edul".

Tradicionalmente, a comunidade judaica atribui ao Irã e ao grupo xiita Hezbollah o planejamento do ataque, que foi o segundo contra judeus da Argentina. No primeiro, em 1992, 29 essoas morreram após ser detonada uma bomba em frente à embaixada de Israel, e o caso também continua sem esclarecimento.

O outro processo aberto por suposto encobrimento foi feito a partir de uma denúncia do promotor Alberto Nisman, que, poucos dias antes de ser encontrado morto, denunciou a ex-presidente Cristina Kirchner (que ficou no poder entre 2007 e 2015) por suposto encobrimento dos iranianos acusados pelo atentado. Também senadora, como Menem, ela foi alvo nos últimos dias de um pedido de prisão e perda do foro privilegiado por parte de um juiz federal.