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Israel termina 2017 com reconhecimento dos EUA de Jerusalém como sua capital

26/12/2017 18h31

Maya Siminovich.

Jerusalém, 26 dez (EFE).- Israel termina 2017 com uma grande vitória diplomática: o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se referiu a Jerusalém como capital do país, contra o consenso internacional, em um ano marcado por investigações sobre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por corrupção e distúrbios durante a chamada crise de Al-Aqsa.

Líder do partido Likud, Netanyahu continua à frente de um governo apoiado por partidos nacionalistas e religiosos, em sua quarta vez como primeiro-ministro, apesar de diferenças políticas e de personalidade ameaçarem a estabilidade da coalizão ao longo deste ano.

As investigações sobre o chefe do governo, sua esposa e pessoas de seu entorno em vários casos de fraude e corrupção - em duas das quais a polícia o considera suspeito - arranharam sua imagem, sobretudo após as tentativas do governo de aprovar uma lei para protegê-lo e impedir que a população conheça as acusações relativas a funcionários do alto escalão.

Netanyahu insiste que as investigações têm motivação política e que seus inimigos e os meios de comunicação têm como objetivo destruir seu governo.

"Não encontrarão nada, porque não há nada", costuma dizer.

No entanto, a lista de pessoas que testemunharam foi crescendo, e a população começou a se mobilizar com protestos e palavras de ordem contra a corrupção, que terminaram em novembro com protestos multitudinários em Tel Aviv.

As próximas eleições estão previstas para novembro de 2019 e, embora o primeiro-ministro diga que não as antecipará, os analistas duvidam de sua palavra.

Segundo uma nova pesquisa do Instituto Israelita de Democracia, 29% dos consultados dizem confiar no governo, 26% no Knesset (parlamento), e 45% acreditam que a democracia no país corre grave risco.

Embora a onda de ataques palestinos que começou em 2015 tenha diminuído, também houve violência neste ano, concentrada na chamada "crise de Al-Aqsa", que começou em julho, quando três árabes-israelenses do norte de Israel abriram fogo contra dois policiais junto à Porta dos Leões, dentro da Cidade Velha de Jerusalém. O incidente teve como saldo cinco mortes.

Após o atentado, as autoridades israelenses aumentaram a segurança na entrada da Esplanada das Mesquitas, colocando mais câmeras de vigilância e detectores de metais, o que causou a indignação dos palestinos que consideraram as medidas uma ingerência em seu local de culto.

A partir daí, foram semanas de distúrbios e violência, nas quais quatro palestinos morreram em confrontos com as forças de segurança israelenses e três colonos foram assassinados em casa por um palestino que afirmou fazê-lo em defesa de Al-Aqsa.

A crise foi resolvida quando o governo retirou os detectores de metais.

Enquanto os problemas domésticos de Netanyahu se acumulavam, o governante partiu para várias viagens ao exterior e, entre elas, realizou a primeira visita de um primeiro-ministro israelense no cargo à América Latina, que incluiu passagens por México, Argentina e Colômbia.

O processo de paz com os palestinos, paralisado desde o último impulso dado pelo ex-secretário de Estado americano John Kerry em 2014, parecia que poderia evoluir após a visita de Trump a Israel e territórios palestinos em maio, com sua promessa de dar o "impulso definitivo" ao processo de paz.

No entanto, o discurso televisionado do presidente americano no início de dezembro, no qual se referiu a Jerusalém como a capital de Israel, recebido pelo governo israelense como um aval à sua política de fatos consumados e pela liderança palestina como "a morte do processo de paz", foi o último motivo para que israelenses e palestinos continuem sem negociar.

Trump não transferiu a embaixada americana em Israel de Tel Aviv para Jerusalém como prometeu na campanha eleitoral, mas deu ordens para que sejam iniciados os trâmites para que isso ocorra nos próximos anos.

Jerusalém foi ocupada por Israel na guerra de 1967 e anexada 13 anos depois, contra a opinião internacional e muito especialmente contra a liderança palestina, que espera que Jerusalém Oriental seja a capital do seu futuro estado.