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Oposição denuncia detenções e torturas a seus militantes em Guiné Equatorial

31/12/2017 14h30

Nairóbi, 31 dez (EFE).- O líder do partido Cidadão pela Inovação (CI) de Guiné Equatorial, Gabriel Nsé Obiang Obono, denunciou neste domingo a detenção de centenas de militantes de sua legenda e o uso de tortura contra os mesmos por parte das forças de segurança do país africano.

Em declarações feitas por telefone à Agência Efe, Nsé Obiang denunciou a retenção de pelo menos 45 militantes do CI na sede do partido na capital, Malabo, e de outras 50 na cidade de Bata (parte continental de Guiné Equatorial), além de centenas de pessoas que foram detidas por fatos "desconhecidos".

O líder do CI, que permanece retido na sede do partido em Malabo, denunciou que junto com ele está o único deputado da oposição que conseguiu uma cadeira nas últimas eleições legislativas, Jesús Motogo Oyono, e a vereadora do partido em Malabo, Elvira Demasi.

Nsé Obiang denunciou que as condições dos retidos são "péssimas", que estão sem água, sem comida e sem contato com suas famílias, e pediu "ajuda" à comunidade internacional, e em particular à Espanha (a antiga metrópole do país africano), para acabar com a situação.

Segundo a versão do CI, os militantes do partido fugiram para a sede do mesmo porque estavam sendo assediados e detidos pela polícia em suas casas.

Nsé Obiang disse à Efe que é difícil obter números precisos porque os militantes estão detidos, mas assegurou que há feridos graves por disparos de arma de fogo, mas não pôde confirmar se há mortos.

"Há militares no entrono da sede. Não podemos sair nem entrar" garantiu o opositor.

O CI quer que a inabilitação do líder do partido seja suspensa, que o governo deixe de perseguir a direção do partido, que liberte todos os militantes detidos e permita que o grupo opositor possa exercer livremente sua atividade política no país.

Além disso, Nsé Obiang, que assegurou estar disposto a negociar com o governo, pediu à comunidade internacional "um mediador confiável antes que aconteça o pior".

As autoridades de Guiné Equatorial disseram na última quinta-feira que haviam abortado um golpe de Estado contra o presidente do país, Teodoro Obiang Nguema, supostamente liderado por um general e orquestrado pelo líder do CI.

"Ignoramos esta tentativa de golpe de Estado, tanto eu como os militantes, é uma armação total", disse o líder do CI à Efe.

Segundo o governo de Guiné Equatorial, dezenas de homens armados foram detidos na fronteira do país com Camarões por suspeita de envolvimento na tentativa de golpe.

Nas eleições legislativas de novembro, a oposição conseguiu apenas uma cadeira das 100 que compõem a Câmara de Deputados, enquanto as 99 restantes foram para o Partido Democrático de Guiné Equatorial (PDGE), de Obiang Nguema, que está no poder desde 1979. EFE

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