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Pensador islamita Tariq Ramadan é detido em Paris por denúncias de estupro

31/01/2018 11h24

(Corrige título).

Paris, 31 jan (EFE).- O pensador islamita Tariq Ramadan foi detido nesta quarta-feira em Paris dentro da investigação aberta contra ele por estupro e atos de violência contra duas mulheres, informaram à Agência Efe fontes judiciais.

Ramadan, de nacionalidade suíça, foi detido na manhã de hoje e sobre ele pesam duas denúncias de agressões que produziram uma incapacidade temporária, apontaram as fontes.

Em outubro do ano passado, a justiça francesa abriu um procedimento contra Ramadan após duas mulheres denunciá-lo e várias outras anunciarem que estudavam fazer o mesmo.

A primeira a formalizar a denúncia foi sua antiga seguidora Henda Ayari, que contou a diversos veículos de imprensa franceses como foi "vítima de uma grave agressão sexual" em março de 2012 em Paris.

"Para ele, ou usa o véu ou te estupra", apontou então Henda, de 40 anos, após explicar que os fatos aconteceram em um hotel onde o teólogo a convidou para uma reunião, após terem mantido contato pelas redes sociais.

Em alguns dos últimos contatos, que tinham começado em 2010, ele reprovou o fato de a seguidora publicar uma foto no Facebook na qual aparecia sem véu e maquiada.

Segundo Henda, Ramadan disse que "tirar o véu" a fazia "responsável" e que, por isso, "tinha o que merecia".

A mulher, que não levou os fatos à justiça durante mais de cinco anos por medo das ameaças lançadas pelo islamita, decidiu fazê-lo no calor da campanha lançada após as revelações do produtor de Hollywood Harvey Weinstein e os movimentos "#MeToo" e "#balancetonporc", na França.

A segunda mulher que denunciou ter sido estuprada pelo intelectual, no seu caso em 2009, tem 45 anos e preferiu manter anonimato.

De acordo com seu testemunho, publicado pelos jornais "Le Monde" e "Le Parisien", o caso foi muito similar ao de Henda: os fatos aconteceram no hotel Hilton de Lyon, para onde Ramadan a convidou para conversar.

A conversa se transformou rapidamente em uma cena de grande violência, durante a qual o polêmico professor universitário, de 55 anos, arrastou a mulher pelo cabelo.

Ramadan denunciou então o que chama "uma campanha de calúnias", da qual seus "inimigos de sempre" estão por trás.

Em novembro, a Procuradoria francesa abriu uma investigação sobre as ameaças de morte na internet contra os integrantes da revista satírica "Charlie Hebdo", que publicou uma polêmica capa com uma caricatura de Ramadan com o pênis em ereção e afirmando: "Sou o sexto pilar do islã".