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Tribunal concede liberdade condicional a presidente da AI na Turquia

31/01/2018 12h20

Istambul, 31 jan (EFE).- Um tribunal de Istambul concedeu liberdade condicional nesta quarta-feira ao presidente da Anistia Internacional (AI) na Turquia, Taner Kiliç, cujo julgamento por supostos vínculos golpistas foi retomado hoje.

Kiliç foi detido em junho do ano passado acusado de vínculos com a confraria do predicador exilado Fethullah Gülen, a quem Ancara responsabiliza pelo fracassado golpe de Estado de 2016, e desde então cumpre prisão preventiva na cidade de Esmirna.

O diretor da AI na Espanha, Esteban Beltrán, que está em Istambul para acompanhar o julgamento, no qual e outros dez ativistas também são réus, apontou em sua conta no Twitter que o juiz tinha ordenado a libertação de Kiliç, o último acusado do processo que continuava detido.

O juiz tomou esta decisão contra o parecer da Promotoria, que na abertura da sessão de hoje voltou a pedir que fosse mantida a prisão preventiva, indicou na mesma rede social Andrew Gardner, investigador da AI na Turquia.

"Estamos mais do que contentes, muito aliviados porque Taner, enfim, após oito meses na prisão, pode se reencontrar com sua esposa e suas duas filhas, mas continuamos pensando em todas essas pessoas inocentes que sofrem de acusações similares e continuam na prisão", disse Beltrán.

O espanhol acrescentou que Kiliç continua submetido a controle judicial e não pode deixar a Turquia, enquanto os outros dez acusados no mesmo julgamento podem viajar.

O principal indício contra Kiliç, segundo a acusação, era a suspeita de que seu celular tinha instalado o Bylock, um programa de mensagens criptografadas que supostamente foi desenvolvido para as comunicações da confraria.

No entanto, a Promotoria turca reconheceu em dezembro que, devido ao uso de outros aplicativos, pelo menos 11 mil pessoas se conectavam ao IP do Bylock sem saber, por isso foi ordenada a liberdade de cerca de mil suspeitos, mas não de Kiliç.

Na última vista do julgamento, realizado em novembro do ano passado, o tribunal decidiu unir o caso de Taner Kiliç, preso em Esmirna, com o dos "Dez de Istambul", um grupo de ativistas, entre eles a diretora da AI na Turquia, Idil Eser, que foram detidos em julho durante um seminário sobre segurança informática e direitos humanos, mas postos em liberdade provisória em outubro.

Na sessão de hoje, na qual Kiliç participa via videoconferência, os 11 ativistas são julgados por supostos vínculos tanto com a confraria de Gülen como com a guerrilha esquerdista Partido de Trabalhadores de Curdistão (PKK) e com o DHKP-c, um grupo armado ultramarxista, três organizações que são inimigas.

Beltrán comentou que não é esperada uma sentença na sessão de hoje, mas que uma vez que os acusados foram colocados em liberdade condicional, é menos provável que o julgamento acabe com uma sentença dura.