Topo

Schulz anuncia renúncia com efeito imediato à presidência do SPD

13/02/2018 17h45

Berlim, 13 fev (EFE).- O presidente do Partido Social-Democrata Alemão (SPD), Martin Schulz, anunciou nesta terça-feira oficialmente sua renúncia com efeito imediato ao cargo e propôs como sucessora a chefe do grupo parlamentar do partido no Bundestag, Andrea Nahles.

Schulz, que tinha adiantado previamente que deixaria o partido em março pelo descontentamento interno com sua gestão, afirmou em um breve pronunciamento aos veículos de imprensa que desejava assim dar fim ao debate sobre os cargos social-democratas no próximo governo alemão.

Além disso, o político disse que o SPD precisa de uma "renovação" tanto no "pessoal" como no "programático" e considerou que sua renúncia valeria a pena se contribuísse para isso.

Schulz, que fez estas declarações após uma reunião de mais de três horas com a direção do partido, afirmou que Andrea tem um "amplo apoio" no SPD e que foi indicada de forma "unânime" pela cúpula.

Membro da direção social-democrata e ministra de Emprego na última legislatura, Andrea disse que assumir a candidatura era "uma grande honra" e uma "grande responsabilidade" com a Alemanha e com seu partido.

A social-democrata afirmou que sua primeira tarefa será "defender" o acordo de governo firmado entre o SPD e o bloco conservador da chanceler Angela Merkel na semana passada.

A candidata oficial à presidência do SPD agradeceu a Schulz por sua "dolorosa decisão", que após um período turbulento deixou "caminho livre" para um "novo início", e destacou que desta forma o partido manda uma "sinal" sobre o que realmente é "essencial".

O partido informou que em 22 de abril será realizado em Wiesbaden um congresso extraordinário para que o SPD eleja seu novo presidente.

Enquanto isso, Olaf Scholz, prefeito-governador da cidade-estado de Hamburgo e membro da direção do partido, assumirá a presidência do SPD de forma interina.

Schulz acrescentou que a intenção de sua saída é tentar fazer com que os filiados do SPD possam se concentrar agora em estudar o acordo de governo entre social-democratas e conservadores, que a militância deve aprovar em breve em um referendo vinculativo.

"Estão desviando as atenções do acordo de coalizão por questões pessoais", advertiu o social-democrata a respeito das polêmicas sobre quem ocupará os seis ministérios que o SPD obteve na formação da coalizão.

O acordo de governo é "bom" e contém "60%" de políticas social-democratas e pode ser a base sobre a qual o partido voltará a crescer e pode representar um ponto de inflexão para a Alemanha e a União Europeia, acrescentou Schulz.

Sobre sua breve presidência, de apenas dez meses, o político reconheceu que o seu período à frente do SPD teve seus "altos e baixos" e ressaltou que saía "sem rancor e sem ressentimento".

Schulz, que antes de voltar à política alemã no ano passado trabalhou durante 28 anos nas instituições europeias, chegou ao país para dar nova vida ao SPD, mas fracassou na sua tentativa.

Nas eleições de 24 de setembro, o partido obteve seu pior resultado desde 1949, ao conseguir somente 20,5% dos votos.

Aos maus resultados eleitorais se somaram as mudanças de postura de Schulz, que passou de afirmar que o SPD fazia parte da oposição a sentar-se para negociar uma nova grande coalizão com o bloco conservador da chanceler Angela Merkel.

Após chegar a um acordo, foi revelado que Schulz pretendia assumir o Ministério das Relações Exteriores, algo que provocou uma grande controvérsia dentro do partido e o obrigou a anunciar que renunciava a esse cargo.