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Haiti acusa ONU de interferir em seus assuntos internos

Pierre Michel Jean
Imagem: Pierre Michel Jean

Porto Príncipe

01/03/2018 22h02

O primeiro-ministro haitiano, Jack Guy Lafontant, acusou nesta quinta-feira as Nações Unidas de interferirem nos assuntos internos do país, após recentes declarações feitas pela responsável da Missão da ONU para a Justiça no Haiti (Minujusth), Sonia Page.

"A declaração da representante da Minujusth é uma ingerência nos assuntos internos do Haiti. É inaceitável que a organização internacional se envolva nos assuntos próprios do país", disse Lafontant em entrevista coletiva na qual falou sobre problemas da Justiça e de crise em várias escolas do país.

O chefe de gabinete se queixou das opiniões expressadas por Page depois que os tribunais do país decidiram investigar as denúncias de suposta corrupção no uso dos fundos do Petrocaribe, um acordo pelo qual a Venezuela fornece petróleo em condições favoráveis a vários países caribenhos.

"O Haiti não pode comentar sobre os assuntos internos dos Estados Unidos ou da França, por isso não podemos permitir que nenhuma organização faça o que queira ou diga o que queira. O Haiti é um país independente", ressaltou Lafontant.

O primeiro-ministro do Haiti disse ainda que o governo está preparado para defender a soberania e convocou todos os haitianos a respaldar o país e suas instituições.

Na semana passada, Page, representante do secretário-geral da ONU no Haiti, elogiou a designação de um juiz para investigar um relatório do Senado que acusa vários ex-ministros de suposta corrupção na administração dos fundos do Petrocaribe, entre os anos 2008 e 2016.

No entanto, Lafontant qualificou hoje como "política" a investigação realizada pelos senadores.

Após os comentários da chefe da Minujusth, o governo haitiano chamou para consultas o seu embaixador na ONU e cancelou a sua participação em uma reunião com o secretário-geral do organismo, António Guterres, na qual se trataria a luta contra o cólera no país caribenho.